Entrevista

VOENEWS Publica Entrevista de ENRICO FERMI – Presidente ABIH Nacional

Presidente da ABIH manifesta sua preocupação com o direcionamento dos programas de qualificação

Às vésperas da realização de mais um Conotel – Congresso Nacional de Hotéis, cujo tema deste ano é “O que queremos da hotelaria brasileira”, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), Enrico Fermi Torquato, manifesta sua preocupação como o que considera um direcionamento equivocado dos programas de qualificação da mão de obra especializada e cobra do Governo medidas mais eficientes para reduzir os custos e a tributação do setor, responsáveis, a seu ver, pela elevação das tarifas no país.

O dirigente também critica o modelo adotado na comercialização dos apartamentos para a Rio + 20 e lembra que o grande filão a ser explorado pelo setor nos próximos anos são os hotéis econômicos para atender a classe C emergente com mais de 50 milhões de novos consumidores. Veja a entrevista:

A ABIH Nacional escolheu um tema curioso para esta próxima edição do Conotel, que acontece em julho, em São Paulo. Qual a razão que levou a se buscar uma maior definição sobre os rumos do setor?
Enrico Fermi Torquato – Esse tema tem como objetivo promover uma ampla discussão sobre questões como a desoneração do setor, a classificação dos hotéis, enfim os rumos que buscamos definir com maior clareza e objetividade. Ou seja, a ideia é provocar um exercício para definir, por exemplo, o que de fato são os hotéis econômicos, de modo a mostrar que isso não significa necessariamente um estabelecimento que tenha um baixo padrão de atendimento, uma imagem distorcida que se criou. Muita gente acaba confundindo o que é hotel econômico ou um resort e é preciso ter uma definição mais clara destes tipos de equipamentos. Atualmente podemos observar um verdadeiro boom de hotéis independentes para atender a um mercado consumidor emergente cada vez mais exigente e isso diz respeito à nova classificação hoteleira. São questões que estarão em discussão nos painéis do Conotel.

Numa análise do setor nesta última década, quais os principais avanços e desafios que ainda temos a superar para que a hotelaria alcance um grau de excelência?
Enrico Fermi Torquato – Acredito que ao longo dos últimos dez anos os hotéis no Brasil, principalmente os independentes, tiveram um avanço considerável, tanto no que se refere a infraestrutura como na qualidade dos serviços oferecidos. Com o aumento da competitividade e o maior grau de exigência do hóspede, os empresários do setor tiveram que investir cada vez mais. O nosso grande desafio ainda é a qualificação. Reconheço que houve um crescimento na oferta hoteleira, mas não tivemos como atender a essa demanda maior com um padrão de atendimento que mantivesse o mesmo ritmo. Muitos funcionários foram sendo aproveitados dentro da própria empresa e ocupando cargos sem o devido treinamento. Nossa preocupação diante dos megaeventos é com o ritmo lento dos programas previstos pelo Ministério do Turismo e que estão com um direcionamento equivocado. Os números apresentados pelo Pronatec, por exemplo, são questionáveis e lembro que não adianta qualificar mão de obra desempregada e apresentar números, mas sim quem está trabalhando no setor, o que não está acontecendo até o momento.

Recentemente no congresso da Hotelbeds, um dos fatores que chamou a atenção foram as críticas em relação à hotelaria do Brasil no que diz respeito aos preços elevados e baixo padrão no atendimento. O IBGE também já criticara o setor pelos mesmos motivos. Qual sua opinião a respeito?
Enrico Fermi Torquato – O Brasil tem vivido um crescimento da economia nos últimos anos com a valorização da moeda, mas o que pesa mesmo para o setor da hotelaria é a alta carga tributária. Temos a maior carga tributária do mundo. Temos a 33ª tarifa mais cara do mundo, mas os demais países não têm esta carga tributária tão pesada como a nossa. O governo já deu um primeiro passo desonerando a folha de pagamentos e agora promete a desoneração da conta de luz. É preciso reduzir a carga tributária cada vez mais e acho que a percepção do Governo em relação ao nosso setor sempre foi muito insipiente. Por isso, não há como deixar de registrar a iniciativa do atual ministro do Turismo, Gastão Vieira e da Secretaria de Fazenda no sentido de desonerar o setor. Já é um ganho, mas precisamos avançar ainda mais pois a hotelaria beneficia não apenas o turismo mas inúmeros setores da economia.

Como você viu os problema decorrentes das reservas para o evento da Rio + 20. Houve abuso dos hotéis? O que gerou toda essa problemática? Teria sido a ganância dos empresários querendo faturar mais com o evento?
Enrico Fermi Torquato – É preciso antes de tudo esclarecer as coisas. Ao contrário do que muita gente pensa não foram os hoteleiros que elevaram as tarifas dos seus hotéis e sim o consórcio responsável pela comercialização. A ABIH-RJ era favorável que a Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) conduzisse este processo mas o Itamaraty não aceitou e acabou optando por uma empresa que não tinha nenhuma tradição no setor e que estabeleceu preços e pacotes abusivos. Como não obteve resultados, devolveu-se o abacaxi para a hotelaria que ficou como responsável por todo o problema. É preciso lembrar que as cidades vão ganhar maior visibilidade com estes mega eventos e o setor tem procurado colaborar e fazer a sua parte.

Outra questão que tem merecido atenção por parte do setor é a implantação da nova matriz da classificação hoteleira. O processo não tem avançado no ritmo esperado. Por que?
Enrico Fermi Torquato – A minha preocupação diz respeito ao cadastramento no Cadastur e a elaboração da ficha de registro de hóspedes que está sendo implantada. É preciso acelerar este processo e mobilizar o setor para aderir ao programa. É necessário agilizar as medidas e se promover workshops, mutirões para mobilizar o hoteleiro a aderir ao programa nas cidades. O próprio Conotel é uma oportunidade para discutirmos estas e outras questões, bem como os entraves que ainda existem para melhorar ainda mais a qualidade da nossa hotelaria. Lembro que é preciso observar as características dos nossos hotéis e pelo menos 72% são de pequeno porte com até 50 apartamentos e a grande maioria que opera no setor é independente. Temos pela frente megaeventos e uma grande massa de consumidores emergentes da classe C. São oportunidades de mercado e é importante termos números do setor que poderão ser mensurados com a nova ficha nacional de registro de hospedagem que está em vias de ser implantada. É preciso também investir cada vez mais em tecnologia acompanhando as tendências do mercado e quem não acompanhar as inovações certamente ficará para trás.

Fonte: Mercado & Eventos
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