O turismo foi um dos segmentos econômicos mais afetado pela pandemia. Com a reabertura gradual das atividades na cidade do Rio de Janeiro e as medidas para resguardar a saúde dos colaboradores e hóspedes através de protocolos sanitários, faz-se necessário agora a união de forças do trade turístico carioca e o impulsionamento por campanhas, promovidas em parceria com a iniciativa privada, para incrementar o fluxo de visitantes e acelerar a retomada.
Como termômetro do setor, a taxa de ocupação hoteleira tem apresentado crescimento bastante lento, atualmente na faixa dos 25 a 30%, ainda impactado pelo baixo valor das diárias, e o segmento estima que a recuperação para o patamar anterior à crise possa demorar até quatro anos se não houver uma ação promocional robusta.
No final de agosto, a Secretaria Especial de Turismo e Legado Olímpico lançou a campanha Redescubra o Rio, marcando a reabertura dos pontos turísticos com descontos de 30 a 50% nos ingressos dos atrativos, contando ainda com descontos nos hotéis para a modalidade day use. A hotelaria carioca e demais setores produtivos da cidade também trabalham em uma campanha promocional, a ser lançada no mês de outubro, com assinatura de Roberto Medina, incluindo condições especiais em hotéis e atrações turísticas.
Para potencializar o alcance da campanha, associações do trade, capitaneados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) e Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (Hotéis Rio), esperavam contar com o aporte financeiro do Estado de até R$4 milhões para impulsionar a iniciativa na mídia e redes sociais. Porém, este apoio não vai se concretizar. A Prefeitura alega estar impedida de patrocinar campanhas, inclusive as relacionadas ao programa Redescubra o Rio, em função da candidatura do atual prefeito para as próximas eleições, o que caracterizaria uso indevido da verba pública. Já o Estado alega que, devido ao processo de recuperação fiscal, estaria impedido de aportar recursos na campanha devido à participação da iniciativa privada.
A notícia veio como um balde de água fria para os hoteleiros. “O turismo é considerado o novo petróleo no Rio de Janeiro e foi um dos setores mais impactados pelas restrições de circulação. Não entendemos como uma das principais atividades econômicas do estado não seja considerada estratégica num período onde a recuperação fiscal e a retomada da economia são prioridades. Esperamos que esta decisão possa ser repensada”, desabafa Alfredo Lopes, presidente do Hotéis Rio e do Conselho Deliberativo da ABIH-RJ. Desde o início da pandemia, seis hotéis já fecharam as portas em definitivo na cidade. Nos últimos quatro meses, a hotelaria carioca acumulou um prejuízo estimado em R$ 850 milhões e cerca de 20 mil empregos diretos estão suspensos.