Reportagem especial sobre a cidade no sul dos Estados Unidos traz roteiro de hotéis, bares e restaurantes de luxo
Múltipla, diversa e tolerante, como toda boa cidade portuária, Nova Orleans se espreme entre o Lago Pontchartrain e o Golfo do México, e é atravessada pelo mais poderoso dos rios do país, o Mississippi. Combinada à mistura étnica, a fragilidade climática e geográfica – foi erguida abaixo do nível do mar, numa região cercada por água e com alta incidência de furacões – empresta ao caráter da cidade um indelével traço hedonista: vive-se intensamente hoje, porque não se sabe que calamidade pode acometer o amanhã.
Localizada ao Sul dos Estados Unidos, em Nova Orleans não faltam boas opções de hospedagens, a começar pelo Four Seasons. Situado à beira do Mississippi, em um edifício modernista com perfume art déco de 1968 assinado por Edward Durell Stone – o mesmo arquiteto do MoMA e do Radio City Music Hall de Nova York –, ele escancara as portas da cidade a viajantes mais exigentes e esclarecidos, sem deixar de proporcionar-lhes um sabor típico, ao oferecer serviços e luxos até então inéditos.
Entre as opções gastronômicas estão ainda no Four Seasons o elegante Miss River, onde o chef Alon Shaya traz o tempero de Israel, seu país natal, à comida (num ambiente escandalosamente belo, cujo piso de ladrilhos e detalhes de latão são a pura essência da era do jazz de F.Scott Fitzgerald), e o Chemin a la Mer, de Donald Link, uma espécie de Jefferson Rueda local, nascido ali perto e grande herói da culinária de Nova Orleans, dono de mais seis casas na cidade, cada uma especializada em um ingrediente tradicional produzido lá mesmo: porco, peixes, frutos do mar…
Mas as peculiaridades da cidade vão além. Afinal, tem registrado até mesmo na prefeitura seu coquetel oficial. Trata-se do Sazerac, esperto mix de uísque de centeio, bitters e licor de ervas, que possui até quartel-general próprio. Há também a destilaria Sazerac House, na região central, que pode ser altamente educativa acerca da história de onde a famosa Lei Seca dos Estados Unidos simplesmente “não pegou”.
Outros bairros podem ser encontrados no French Quarter, onde também reside a boa música – afinal, no local nasceu o jazz. Nele, vale pular os clubes turísticos da Bourbon Street para conhecer pontos mais autênticos, como o DBA, com bandas contemporâneas que vivem a renovar a verve sonora da vizinhança, ou o Preservation Hall, casa histórica onde um grupo de octogenários toca jazz como se Louis Armstrong ainda caminhasse entre nós.
Música, comida, bebida e um pouco de arquitetura, eis os culpados por atrair tanta gente à região. Se há um lugar onde a máxima de Anthony Bourdain – “seu corpo não é um templo, é um parque de diversões” – tem valor absoluto, esse lugar é Nova Orleans.
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