Mostra individual do artista paraense Emmanuel Nassar incorpora linguagem publicitária da pop art e elementos das ruas e feiras livres
Promover o choque entre o popular e o erudito. Esse é um dos objetivos do artista paraense Emmanuel Nassar em “Lataria Espacial”, nova exposição individual que o Museu de Arte do Rio (MAR) inaugura no dia 17 de setembro. A partir de elementos da rua e das feiras livres de seu estado natal, Nassar incorpora nas suas obras a linguagem publicitária e os objetos de consumo em massa.
Esse choque está presente na principal obra da exposição: o avião executivo em tamanho original e feito de aço galvanizado. A peça inédita de 8 metros vai ocupar o centro do térreo do pavilhão de exposições do MAR, e os visitantes poderão interagir com a obra e subir na escada da aeronave para tirar fotos. Para Nassar, a peça consegue trazer ao mesmo tempo o aspecto popular da fachada de um carro e o status do avião executivo, objeto de desejo e consumo na sociedade atual.
“Eu estava procurando um nome para a exposição que tivesse apelo popular. e aí me apareceu a palavra lataria, que lembra aquela funilaria da periferia, uma espécie de fachada de carro. Já o espacial é uma outra dimensão. É a lataria que ganha o espaço. Não é à toa que uma das atrações da exposição é um avião feito de lata, que simboliza as aspirações, os desejos, os sonhos”.
Na exposição, que vai contar com cerca de 40 obras, Nassar também dialoga com a pop art, movimento artístico dos anos 1960 que trabalha com o imaginário da publicidade. Pensando nessa relação, o artista se apropria de placas e de elementos da rua para retratar o Brasil surrado da luta diária.
“O trabalho de Nassar tem um caráter político muito forte, mas não de uma forma direta. Não tem uma conotação panfletária de dizer “Fora Fulano”. A obra de Nassar mostra um Brasil muito batido, muito surrado que é o Brasil do dia a dia e do cotidiano de luta. E, mesmo nesse cotidiano de luta, ainda é um Brasil que busca produzir belezas e cores, ainda que sem dinheiro e com a tinta inadequada. É o Brasil se afirmando para dizer: ‘Eu não tenho dinheiro para fazer diferente, mas eu vou fazer mesmo assim’”, afirma Marcelo Campos, Curador-Chefe do MAR, que divide a curadoria de “Lataria Espacial” com Amanda Bonan, Gerente de Curadoria do MAR.
O Diretor da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), Raphael Callou, destaca que a mostra é mais um passo do MAR para promover o diálogo com as ruas e a arte popular.
“Lataria Espacial traz para o Rio de Janeiro o trabalho do artista Emmanuel Nassar, que tem em seu repertório uma mistura da relação com as ruas e as estradas que vemos por todo o Brasil, com suas feiras livres, cartazes de rua, letreiros escritos à mão, entre tantos outros elementos que nos rodeiam diariamente. A exposição também faz com que o MAR mantenha a sua vocação de olhar para a cultura popular e mais próximos do caráter identitário da arte”.
Emmanuel Nassar
Nascido em 1949 em Capanema (PA), Emmanuel Nassar se formou em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde começou a dar aulas de educação artística. Aliando elementos da cultura popular e técnicas próprias da arte erudita, o artista iniciou sua produção nos anos 1980, se tornando referência na construção de instalações com chapas metálicas e relevos pintados sobre materiais como latão, pedaços de madeira, bocais de lâmpada e luz néon. Em suas obras, Nassar incorpora também referências da pop art e do concretismo a partir da busca por formas geométricas.
O Museu de Arte do Rio
Iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) desde janeiro deste ano, apoiando as programações expositivas e educativas do MAR a partir de um conjunto amplo de atividades para os próximos anos. “A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais, desde sua fundação em 1949.
O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa um instrumento de fortalecimento do acesso à cultura, intimamente relacionado com o território, além de contribuir para a formação nas artes, tendo no Rio de Janeiro, por meio da sua história e suas expressões, a matéria-prima para o nosso trabalho”, comenta Raphael Callou, diretor e chefe da representação da OEI no Brasil.
Após o início das atividades em 2021, a OEI e o Instituto Odeon celebraram parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, onde o Odeon passa a auxiliar na correalização da programação.
O Museu de Arte do Rio tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor como patrocinadora master, o Itaú Unibanco como patrocinador e o Grupo Renner como apoiador, todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A Escola do Olhar conta com o patrocínio da Wilson Sons e Machado Meyer Advogados via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS, é também patrocinada pelo RIOgaleão e Icatu e tem a Cultura Inglesa como apoiadora Educacional. O Instituto Olga Kos patrocina os recursos de acessibilidade e a Globo e o Canal Curta são os parceiros de mídia do MAR.
O MAR conta ainda com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e realização da Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e do Governo Federal do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o MAR tem a gestão da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e o Instituto Odeon como correalizador das atividades.
Mais informações em www.museudeartedorio.org.br
Serviço:
Exposição Lataria Espacial
Inauguração: 17 de setembro
Local: Térreo do Pavilhão de Exposições
Praça Mauá, 5 – Centro
Entrada Gratuita