Em cerimônia realizada na manhã desta quinta-feira (10), a Sociedade Beneficente Socioeducativa Recreativa e Religiosa Oba L’Okê foi reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural de origem africana e afro-brasileira pela Câmara Municipal de Lauro de Freitas. A casa é a primeira da cidade da Região Metropolitana a receber o título municipal, 16 anos depois que dois terreiros de candomblé locais foram tombados pelo Estado.
O pedido de reconhecimento foi apresentado pelo vereador Almir Santos, por sugestão da comunidade, intelectuais e líderes de tradições de matriz africana. A cerimônia, realizada dentro dos protocolos de prevenção contra o coronavírus, reuniu representantes da cultura, da arte e do movimento negro, lideranças religiosas e autoridades como a secretária estadual de Cultura, Arany Santana, e o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro. A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA) foi representada pelo assessor de Planejamento e Gestão, Magno Lavigne, e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seprome), pelo assessor especial Ailton Ferreira.
Para o babalorixá Vilson Caetano, a ação ajuda a fortalecer outros terreiros e a estreitar as relações entre as comunidades tradicionais e o poder público. Contribui também, segundo ele, para a implementação da Lei nº 10.639, que torna obrigatório o estudo da história do continente africano e das culturas afro-brasileiras no sistema de ensino do país.
Dedicado ao orixá Oxoguiã, o templo da Casa do Rei e Senhor das Alturas teve sua fachada e barracão inaugurados em 2014, ano em que foi constituído como pessoa jurídica sem fins lucrativos sob a denominação Sociedade Beneficente Socioeducativa Recreativa e Religiosa Obá L’Okê.
O acervo arquitetônico e artístico do Ilê Oba L’Okê foi consolidado ao longo de dez anos, com a participação do artista plástico Rodrigo Siqueira, um dos idealizadores da casa. No local são desenvolvidas ações sociais e oficinas profissionalizantes.
Com cerca de 400 terreiros catalogados, entre candomblé e umbanda, além de quilombo, aldeia de índios e festas tradicionais, Lauro de Freitas é uma região com grande potencial para o desenvolvimento do turismo étnico-afro e cultural.
Fotos: Tatiana Azeviche