Com impactos de longo prazo, sustentabilidade no setor ainda enfrenta muitos desafios e deve envolver toda a cadeia se quiser cumprir objetivos estabelecidos até 2050
Levantamento global do Boston Consulting Group (BCG) mostra que o setor de aviação comercial estabeleceu metas agressivas para a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050, mas ainda está longe de alcançá-las. De acordo com a consultoria, apesar do surgimento de uma série de novas tecnologias e legislações específicas por parte dos governos, é preciso adotar medidas mais agressivas, que envolvam fabricantes de fuselagem e motores, fornecedores e demais empresas da cadeia de valor, para coordenar a agenda de sustentabilidade.
Em 2019, a aviação comercial foi responsável por cerca de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo os dados do levantamento. Mas projeções sugerem que se não houver mudanças significativas no curto prazo essa participação chegará a 20% dentro de três décadas. O setor já estabeleceu metas de descarbonização de longo prazo, incluindo uma redução de 50% nas emissões líquidas até 2050 em comparação com os níveis de 2005. Mas até agora, o progresso foi limitado.
Tecnologias inovadoras ainda são incertas
O desenvolvimento de tecnologias mais avançadas pode levar a ganhos significativos de eficiência e redução das emissões. Todavia, a maturidade e potencial concreto de redução dos gases de efeito estufa ainda variam bastante. Os exemplos levantados pela consultoria incluem motores de rotor aberto, capazes de reduzir as emissões de CO2 em cerca de 20%, motores híbridos e até combustíveis refinados a partir de matérias-primas não petrolíferas. Infelizmente, essas inovações ainda se encontram nos estágios iniciais de desenvolvimento, com dúvidas acerca da sua viabilidade técnica e facilidade de implantação.
Para os fabricantes de equipamentos de propulsão e fuselagem, o desafio é determinar a melhor forma de sincronizar seus investimentos nas várias tecnologias inovadoras. O desafio é ainda maior dada a natureza de longo prazo dos programas de substituição de frota nas companhias aéreas, que podem levar de 10 a 15 anos. Por isso, esses fabricantes precisam apostar em tecnologias que estarão prontas para implantação em 2035.
Normas atuais têm impacto limitado
Até agora, as normas impostas pelos governos tiveram impacto limitado sobre o setor de aviação. Leis que determinam o uso de combustíveis mais sustentáveis e mecanismos como taxas de carbono aumentam os custos operacionais das companhias aéreas, que acabam repassando essa diferença ao consumidor final. O levantamento mostra que as autoridades reguladoras precisam seguir o exemplo de outros setores, como o automotivo, onde subsídios tiveram papel fundamental na adoção crescente de veículos elétricos. No setor aéreo, uma abordagem semelhante poderia impulsionar os investimentos em P&D e a adoção de novas tecnologias. Além de incluir uma colaboração entre todos os players do setor, incluindo fabricantes de equipamentos, aeroportos e órgãos reguladores.
Acesse a íntegra do estudo em http://www.bcg.com/publications/2020/sustainability-opportunity-for-aerospace-industry
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