*por Marcos Jorge
Conhecido por suas belezas naturais, extenso litoral e cartões postais como o Cristo Redentor, o Pantanal e as Cataratas do Iguaçu, o Brasil é apenas o 85º destino mais procurado do mundo, de acordo com o site worlddata. Se globalmente países como França, Emirados Árabes e Holanda estão entre as preferências dos viajantes, na América Latina disputamos um lugar ao sol com México, El Salvador e nossa vizinha Argentina.
Para se ter uma ideia de grandeza, dados oficiais apontam que, em 2022, o país recebeu cerca de 2,6 milhões de visitantes estrangeiros. Parece bastante, mas de acordo com a plataforma alemã de coleta e análise de dados Statista, apenas a torre Eiffel, um dos principais cartões postais do mundo, recebeu praticamente o dobro, ou 5,8 de milhões turistas no mesmo período. Já a França como um todo contabilizou mais de 66 milhões de visitantes no mesmo período, que injetaram cerca de 60 bilhões de euros na economia local. Mesmo o México, que ocupa o topo do ranking do lado de cá do Atlântico, fechou 2022 com 20 milhões de turistas.
Os números mostram que ainda há muito espaço para crescer, e as perspectivas são animadoras. As viagens voltaram a integrar os nossos planos, e as pesquisas por destinos ricos em cultura, gastronomia e lazer voltaram a entrar no orçamento das famílias. Isso se reflete no aumento de viagens tanto internacionais, quanto domésticas, fenômeno já visto no Brasil e fortemente influenciado pela questão do câmbio. Em 25 de julho, por exemplo, o dólar foi cotado a R$ 4,75, menor patamar desde maio passado, o que também favorece os planos para viagens internacionais.
Dados animadores mostram que estamos passando por um momento de virada. De acordo com o IBGE, as atividades turísticas foram as principais responsáveis pelo crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022. Já o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) afirma que em 2023 o setor deve arrecadar R$ 752,3 bilhões, o equivalente a 7,8% do PIB nacional. O relatório também aponta que o total de empregos contabilizados para o setor neste ano será de 8 milhões, ou 2,5% maior do que o registrado em 2019. Apenas em maio de 2023, o setor teve o maior faturamento para o mês desde 2014, somando R$ 36,1 bilhões em receitas, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os índices mostram que uma nova era se estabelece no segmento.
Outra notícia animadora foi a aprovação da chamada MP do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), que prevê alíquota zero de alguns tributos para os setores aéreo e de turismo. Trata-se de uma oportunidade para as empresas que querem apostar no setor, seja com a construção de novos hotéis e resorts ou a renovação de empreendimentos já existentes – e, consequentemente, um aumento do número de viajantes. Esses investimentos irão aumentar de forma significativa o potencial dos negócios do setor e seu impacto no médio prazo e longo prazo.
Para dar conta de todo esse potencial, é importante que haja investimentos na estruturação dos destinos e no acesso às passagens aéreas. O Ministério do Turismo já anunciou o início das obras de infraestrutura turística em diversas regiões, como o Aeroporto de Maceió, por exemplo, inaugurado em julho após renovação; a ampliação de cursos de qualificação de trabalhadores que atuam no setor e o fomento financeiro por meio do Fundo Geral do Turismo, o Fungetur, que contou com um novo aporte em julho para o apoio a empresas turísticas do Nordeste, Centro-Oeste e Sul do país.
O cenário deixa claro que iniciativa privada e governo podem e devem unir esforços para atrair novos investimentos e gerar emprego e renda para a população brasileira. Só assim poderemos começar, efetivamente, um novo ciclo virtuoso para o turismo no país.
*Marcos Jorge é sócio-fundador da RTSC, grupo financeiro com foco no desenvolvimento do turismo brasileiro