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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Sobre um suposto parque Disney no Brasil

Por Claudemir Oliveira, presidente e fundador do Seeds of Dreams Institute

Eu recebi, literalmente, mais de 50 mensagens inbox, sobre minha opinião se a Disney realmente abriria um parque no Brasil.

Respondi a todos, de forma abreviada, exatamente o que escrevo aqui.

Não falo em nome da Disney, claro, que aliás, apenas confirmou o que privadamente comentei com meus amigos.

O anúncio da Disney não entra em detalhes por razões óbvias. Por isso, resolvi escrever este pequeno artigo.

Todos os anos, chegavam a minha mesa e de nossa equipe notícias de uma possível abertura de parque da Disney pelo Brasil. Uma hora era Curitiba, outra hora era São Paulo, depois Rio de Janeiro, estrada entre Rio e Santos, e por aí vai.

Como eu escrevi três biografias sobre os fundadores dessa empresa, e dois livros de negócios Disney, além de meus anos por lá, eu pesquiso há anos o assunto.

Talvez você não saiba, mas até Brasília tentou ter o parque da Disney depois do sucesso da Califórnia. Sim, Brasilia esteve nos radares da Disney mesmo antes de abrirem Walt Disney World, em 1971. Enfatizo que, mesmo naquela época, chances quase zero de abrirem, mas este fato aconteceu quando Walt Disney buscava um local para seu projeto de expansão, depois que a Disneylândia ficou pequena demais para seus sonhos.

Então, não é uma grande novidade.

Segundo.

Os boatos agora foram pelo anúncio da D23, maior feira de fãs Disney no mundo, e que acontece a cada dois anos na Califórnia. Eu, minha equipe e muitos de nossos clientes não perdemos essa feira onde umas 80.000 pessoas se registram.

É gigante. Aliás, estarei, com um grupo de clientes, lá, em agosto.

O anúncio que vai haver uma versão no Brasil abriu todos esses boatos. Detalhe: já na Califórnia, nas últimas edições, falavam o tempo inteiro de um pavilhão no Epcot do Brasil. E eu, caladinho, apenas escutava.

A D23, no Brasil, é um belíssimo golaço do ponto de vista de marketing. É um gol, aos 49 minutos do segundo tempo, de bicicleta, e de virada.

Do ponto de vista de “branding”, tenho minhas dúvidas, mas, por espaço, vou apenas deixar essa pulga na orelhinha de vocês: se em agosto vamos ter a D23 na Califórnia, que novidades a D23 Brasil pode nos trazer apenas 3, 4 meses depois?

Não haverá grandes segredos depois de agosto. Ponto.

Isso, na verdade, não chega a ser um grande problema, primeiro porque a Disney Brasil já faz um evento anual espetacular e, claro, que a D23 Brasil, na minha opinião, é uma melhoria incrível da que eles já fazem anualmente.

Se fizessem, em 2025, faria muito mais sentido, pois teriam uma brecha de mais tempo para anunciarem novidades, sem contar que a D23 só acontece a cada 2 anos na Califórnia.

Meu ponto?

D23 Califórina 2024, D23 Brasil 2025, e D23 Califórnia em 2026.

O “timing” talvez seja um desafio. Mas quem é Claudemir na fila do pão?

O Bob Iger que se vire. Aliás, comandando a empresa.

Voltando ao “branding”, a D23 no Brasil só faria muito sentido se realmente houvesse ou houver uma notícia bombástica.

Aí, sim, se justificaria haver um anúncio espetacular durante a feira no nosso país. Duvido. Mas adoraria estar errado. Nunca quis tanto estar errado. Torçam para eu estar errado.

Vamos comemorar juntos se eu estiver errado.

Ainda sobre parques.

É um dos negócios mais difíceis que existe no mundo. Por que será que não temos tantos parques no Brasil, um país gigante, com mais de 200 milhões de habitantes? Porque é um “brinquedinho” caro demais para dar certo. Encher parque sábado e domingo é uma coisa.

Encher parque TODOS os dias é outra.

Michael Eisner (também peguei a gestão dele, ou seja, vi de perto seu modelo de liderança) salvou a Disney, na década de 80, com a hotelaria e ele apelidou o negócio de parques como “MONSTRUOSO”. Um monstro faminto e que precisa de muito dinheiro. A estratégia da hotelaria foi para lotar os hoteis ali na porta dos parques e ter gente suficiente para alimentar o “monstro”.

Só para ilustração, “Guardians of the Galaxy”, no Epcot, custou (segundo especialistas) 500 MILHÕES DE DÓLARES.

Ainda como ilustração, o admirável e milionário Flávio Augusto vendeu a Wise Up por 500 milhões de dólares.

Todo o dinheiro daria para ele investir em UMA única atração.

Entenderam?

Shanghai, o parque mais caro da Disney, fora dos EUA, custou US$ 5.5 bilhões.

Não é brincadeira brincar com brinquedos.

A Disney não analisa apenas a paixão de um país por sua marca. Por saber desses custos, ela analisa DÉCADAS de um país, economia, política, condições jurídicas, tudo, para saber se é viável ou não.

O Brasil tem uma afinidade com a marca Disney que talvez quase nenhum outro país tenha. Mas os negócios não são feitos apenas nesse dado. Isso dá uma dimensão de quão difícil é ter um parque temático. Pela afinidade que temos, já era para termos um parque em terras brasileiras, há décadas.

Não se esqueçam da viagem de Walt Disney ao Brasil e do personagem Zé Carioca, que é mais aproveitado no Japão, por incrível que pareça.

Sem contar que, geograficamente, na América Latina, não faria nenhum sentido ser em outro país. Comento isto porque também já ouvi boatos de parques na Argentina e no México. A proximidade desse último com os parques existentes, com certeza, complica bastante as chances por lá.

No caso da Argentina, temos a questão de uma população

“pequena”, além das questões políticas e econômicas e, geograficamente, não faz o menor sentido.

Brasil aí ganha disparado em quase todos os requisitos.

Essa afinidade me faz afirmar que a D23 Brasil será um sucesso estrondoso, espetacular.

Uma feira é uma coisa; um parque é outra.

Tentar fazer essa correlação, como muitos blogueiros fizeram, de que a feira seria indício de anuncio de um parque é uma fantasia.

Claudemir, e se anunciassem, na feira, a abertura de um parque? Sua teoria cairia por terra? Claro, claro. A teoria cairia por terra, mas a realidade não.

Seria um erro, mais um erro do nosso amigo Bob Iger. E olha que não sou ninguém na fila do pão, mas meus 15 anos, lá na empresa, e vivendo aqui em Orlando, vendo tudo o que acontece nesse mundo, me dão o direito de entrar na padaria, pedir um pão com manteiga, um pingado… e o que eu mais quiser.

Aliás, parque de diversão qualquer um faz. Parque temático é outra história e foi Walt Disney quem “criou” esse conceito exatamente porque ele veio de cinema. Foi ele que levantou a barra com relação a investimentos altíssimos nesse segmento. Se você não for Walt Disney, cuidado ao entrar nesse “brinquedo”.

Sem parcerias fortes, envolvendo iniciativa privada, governo, advogados, um parque temático é inviável.

Você quer fazer um parque de diversão ou um parque temático?

Há uma diferença gigante aí, meus prezados leitores.

A Disney, por exemplo, não é proprietária dos dois parques no Japão, que pertence a Oriental Land Company. Mas é um negócio muito lucrativo para a empresa.

Hong Kong, o governo tem 53% e a Disney 47%. Em Shanghai, o governo tem 57% e a Disney 43%. Disneyland Paris, a Disney voltou a ter 100%.

Paris sempre foi a pedra no sapato da empresa. Talvez, por isso, a Disney quis controlar tudo para colocar o parque nos trilhos. Por espaço, não tenho como me aprofundar em todos os detalhes.

Existe um modelo de negócio.

Visitei todos os parques da Disney e da Universal Studios no mundo. A Universal, por exemplo, tem parcerias bem parecidas como a Disney em seus parques em Osaka (o terceiro mais visitado no mundo, no ano passado), Pequim, o mais recente, e Singapura. Parcerias, governos, todos se envolvem para viabilizarem estes projetos.

Muita gente usa o argumento que a Disney não abriria um parque no Brasil porque tiraria os clientes que vão para Orlando.

Nada se compara à magnitude de Orlando.

Os parques pelo mundo são uma “miniatura” do mundo gigante que temos na Flórida. Se o argumento acima fosse forte, não teríamos parques em outros países. Na verdade, eles são bem menores e servem até para influenciar viagens para o maior centro de entretenimento da empresa, nos EUA.

Finalizando, e mais uma vez ressaltando que não falo em nome do Mickey Mouse, é apenas minha experiência de 15 anos que passei nessa empresa espetacular, a Disney tem problemas demais no momento para pensar em abrir um parque no Brasil. O Bob Iger, CEO, está mais grisalho que nunca, não apenas pela idade, mas pela dor de cabeça dos últimos anos. Mas ele é competente.

Muito competente.

Dito isso, jamais afirmo que seja impossível. Afinal, o próprio Walt Disney me ensinou que essa palavra não existe no nosso vocabulário.

Bob Iger, que vi de perto seu modelo de liderança durante os meus 15 anos na empresa, tem muitos desafios nas mãos, depois da saída de Bob Chapek, apontado por ele, mas que foi mandado embora há pouco tempo.

Voltando ao meu ponto de “branding”,

a D23 era algo como o quarto da Cinderela que existe no castelo.

Uma vez perguntei ao presidente de Walt Disney World Resort, Al Weiss, por que o quarto não estava disponível para que milionários pudessem comprar noites e conhecerem tal maravilha. Ele me respondeu com um sorriso.

“Claudemir, no dia que colocarmos um preço nesse quarto da Cinderela, ele perde totalmente seu valor, ele perde toda sua EXCLUSIVIDADE.

Usamos, em geral, para causas sociais”.

Tive o privilégio de conhecer tal maravilha até porque fazia parte do meu trabalho.

Fica aqui a pergunta de alguns milhões de dólares.

D23, onde está sua exclusividade?

Foi você que criou a expectativa que seria sempre na Califórnia. Qual será o próximo país a te receber e como você vai frear esse pedido?

Espero que o Bob Iger saiba dessa resposta. Há ironia na frase.

Disney Brasil. Parabéns pelo golaço!

Aproveitem esta grande oportunidade e sei que será um tremendo sucesso!!!

Cultura antecede lucros

Na Disney University, como professor, nosso presidente e fundador, Claudemir Oliveira, passava horas falando da cultura da limpeza.

O exemplo maior vinha do fundador, Walt Disney.

Ele limpava parques.

Desde então, todos limpam parques na Disney.

Cultura antecede lucros e a excelência do serviço é responsabilidade de todos, independentemente do título ou cargo.

Nossa próxima imersão presencial já tem data marcada!

16-22 de Maio 2024 • Clientologia Supreme em Orlando.

Nossas sementes de sonhos terão a oportunidade de conhecer, durante uma semana de imersão, grandes players do mercado e aprender com eles como elevar a experiência de seus clientes em seus respectivos negócios.

Em Português com tradução simultânea de especialista americano

→ Certificado internacional Seeds of Dreams Insitute.

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