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domingo, novembro 24, 2024
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Para o público LGBTQIAPN+, segurança ainda é prioridade ao planejar viagens

Brasil tem o maior número de pessoas que se identificam com a sigla no mundo, mas índices negativos ainda afetam o turismo queer no país

Na luta pelo reconhecimento de direitos civis igualitários, a liberdade para ocupar diferentes espaços no mundo também é pauta. No mês do orgulho LGBTQIAPN+, o Hurb, empresa de tecnologia que está no mercado do turismo há mais de 12 anos, compartilha um pouco mais sobre os principais fatores que favorecem o turismo queer em diferentes destinos – com países que oferecem maior e menor segurança ao grupo -, além de dicas para aproveitá-los com maior tranquilidade.A partir de pesquisa realizada em março deste ano, o portal Spartacus International Gay Guide produziu um mapa de calor global, que avalia os melhores e piores países para viajantes LGBTQIAPN+, considerando a legislação local e índices que refletem a percepção da população sobre esse público. Cada um dos 199 países avaliados recebeu uma pontuação em 17 categorias diferentes. Entre essas, oito somam pontos positivos e nove pontos negativos. Quanto mais alta é a nota, mais seguro o país é considerado para esse público. Logo, aqueles que apresentaram resultado superior a zero são destinos queer-friendly, enquanto os resultados abaixo de zero indicam perigo. As notas variam entre +13 – conquistada apenas por Malta – e -19 – para Arábia Saudita, Irã, entre outros.

De acordo com o mapa, parte do Gay Travel Index, toda a América do Norte foi avaliada positivamente, com exceção da região caribenha. No sul do continente, Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia e Equador variam com notas acima de zero. África do Sul, Índia e a costa oeste da Europa também apresentam notas positivas.

O índice demonstra que há uma correlação direta entre a sensação de segurança e liberdade percebida pelos turistas queer e a legislação que contempla a proteção a esse público. O reconhecimento de casamentos homossexuais e existência de leis anti-discriminação, que garantem oportunidades como a adoção de filhos, por exemplo, e a descredibilização de terapias para conversão de orientação sexual são pontos positivos que, a longo prazo, ajudam a coibir atos de violência ou manifestações de ódio contra essa comunidade.

Com a demonstração da força do público LGBTQIANPN+, a adaptação do mercado às suas necessidades representa ainda uma oportunidade significativa para o crescimento econômico. . Em 2020, estima-se que o investimento desse grupo em viagens e experiências turísticas tenha atingido cerca de US$ 220 bi. Até 2030, esse valor pode ultrapassar US$560 bilhões. Eventos como as paradas anuais que celebram o orgulho dessas identidades se consolidam como oportunidade no calendário do setor. A parada de São Paulo, a maior do mundo, atrai turistas de diversas nacionalidades e teve recorde de público com 4 milhões este ano.

Os destinos mais seguros

Com notas entre +1 e +13, 48 países foram avaliados como seguros para a comunidade. Na Europa, Malta, Suíça, Dinamarca e Portugal receberam as maiores avaliações. No continente americano, os destaques foram Canadá e Uruguai. Austrália e Nova Zelândia fecham a lista daqueles que alcançaram mais de dez pontos.

Malta foi o primeiro país europeu a incluir identidade de gênero como uma categoria não discriminatória em sua Constituição, em 2014. No ano seguinte, seus cidadãos passaram a ser reconhecidos pelo gênero autodeclarado, ato reconhecido como inovador por organizações LGBTQIAPN+. Destino de veraneio popular entre os europeus, o arquipélago no mediterrâneo ocupa há sete anos o primeiro lugar na lista de países lgbt friendly Rainbow Europe, da Associação Internacional de Gays e Lésbicas. Na capital Valleta, as noitadas mais animadas acontecem na boate Michelangelo Club Lounge e na festa Lollipop. Os bairros de St. Julian’s e Paceville também se destacam pelas opções oferecidas ao público.

Valleta, Malta. Foto: Divulgação/Hurb

No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau foi o primeiro chefe de Estado a participar da Parada, em 2016. O representante também foi o primeiro a apontar um gabinete com o mesmo número de representantes dos gêneros feminino e masculino, o que reposicionou o país como referência no tema. Para os viajantes que se identificam com a sigla, as metrópoles de Toronto, Vancouver e Montreal são os destinos mais indicados para quem busca atrações voltadas para eles.

A vida social queer da francófona Montreal acontece principalmente no bairro Le Village, parada obrigatória para turistas e locais. A região de cerca de 12 quadras conta com cafés, boates e casas de show voltadas com programação especial. Durante o verão, sua rua principal é fechada para trânsito, se tornando ainda mais badalada. Já em Toronto, o Woody’s Gay Bar – cenário recorrente da série Queer as Folk – foi um dos primeiros a abrir na cidade, em 1989.

Em Montevidéu, para aproveitar a vida noturna, o Bar Rodo pode ser o esquenta para baladas como Chains e Il Tempo. Desde 2003, o Uruguai protege esses grupos de violência física e difamação, punindo aqueles que violarem a lei com prisão.

Brasil no mapa

Em 35º lugar na lista, o Brasil se destaca pela existência de direitos para a população transgênero, ao mesmo tempo em que perde pontos quando o assunto é identidade de gênero, por sua percepção predominantemente binária no país. Pontos foram descontados devido a hostilidade enfrentada diariamente e pelos casos de homicídio direcionados à comunidade. Assim, observa-se que não basta haver uma legislação que reconheça os desafios encarados pelo grupo. Apesar deste ser um grande atrativo na hora de considerar as opções de destinos para visitar com mais conforto e segurança, não deve ser o único fator relevante. É importante estar atento a como e se as leis são postas em prática.

Além disso, o mapa não considera a variação da percepção da população local em diferentes pontos do país. Capitais e cidades grandes tendem a ser mais abertos e tolerantes às diferenças do que cidades no interior. Logo, a recepção ao público queer em São Paulo pode estar mais próxima a que um turista viveria em Paris do que em um pequeno município no Centro-oeste brasileiro, por exemplo.

No Brasil, os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo são conhecidos internacionalmente por sua abertura e receptividade ao grupo, com programação e espaços voltados para ele, assim como uma cultura própria construída pela comunidade, que se revela em pontos marcantes da cidade. As cidades, acompanhadas ainda por Salvador (BA) e Recife (PE) são apontadas como os destinos nacionais mais indicados para o público pela pesquisa Travel Proud 2023, que coletou dados de 27 países.

Segundo a pesquisa Ipsos LGBT+ Pride 2023, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países com o maior número de pessoas que se identificam como LGBTQIAPN+, com 14%. A média global é de 9%. Mais de 22 mil pessoas de 30 países, na faixa etária de 16 a 74 anos, foram entrevistadas pelo instituto. Entre os brasileiros que se identificaram como queer ao participarem da pesquisa, 85% afirmaram experimentar experiências positivas durante suas viagens. 90% deles também afirmaram se sentirem mais confortáveis graças ao aumento de medidas inclusivas na indústria turística.

Sobre o Hurb

O Hurb é uma empresa de tecnologia e inovação que se consolidou como a maior plataforma de viagens online do Brasil. Com a missão de potencializar viagens através da tecnologia, a empresa visa otimizar o tempo dos seus clientes através da ciência. Cumprindo o princípio primordial de livrar pessoas da preocupação, conectamos clientes a novos lugares. Fundada em 2011, a empresa vende 1 diária a cada 8 segundos, sendo responsável por 1,56% (2020) do PIB do turismo no Brasil. Em menos de 10 anos, alcançou 25 milhões de viajantes cadastrados, 35 mil destinos em todo o mundo e mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais, chegando a ser considerada a maior fanpage do turismo mundial. Com sede no Rio de Janeiro, a marca global atua em todo o Brasil e no exterior, com escritórios em Porto e Lisboa (Portugal), Sorocaba (SP) e Montreal (Canadá).

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