Marisa Melo, fundadora da UP Time Art Gallery, é quem discorre sobre a importância da arte de rua e elenca as principais regiões da capital paulista que são conhecidas mundialmente pela street art
Pela janela do carro ou caminhando, transitar pelas ruas de São Paulo é desfrutar de um verdadeiro museu a céu aberto. Os enormes e diversos grafites, que se estendem pelos murais e paredes da metrópole, conferem à ela o título de capital mundial do grafite, dando cor para a “cidade cinza”, como é popularmente conhecida dentro e fora do Brasil. “A arte urbana de São Paulo tem um papel muito significativo não só para a cidade, mas também para a sociedade. Ao mesmo tempo em que revitaliza áreas degradadas e/ou inutilizadas, ela também é uma poderosa ferramenta de diálogo sobre diversos temas sociais, políticos e culturais, além de homenagens e celebrações”, explica Marisa Melo, curadora artística e fundadora da UP Time Art Gallery, galeria itinerante que busca divulgar o que há de melhor no cenário de arte contemporânea.
Ainda que a Street Art esteja presente no DNA paulistano, alguns bairros e regiões da capital paulista se destacam ainda mais, pela rica cena artística. De acordo com a curadora, os bairros de Pinheiros e Vila Madalena, endereço do famoso Beco do Batman – responsável por atrair turistas de diversos países e paulistanos pelos inúmeros grafites coloridos que decoram os muros – são referência na Street Art paulistana e internacional. Além deles, Marisa destaca, também, o Minhocão, na Zona Oeste, a icônica Avenida Paulista e o Museu Aberto de Arte Urbana (MAAU), na Zona Norte de São Paulo, como poderosas galerias a céu aberto. “Esses lugares são favoritos entre os artistas de rua por oferecerem uma grande variedade de espaços públicos e privados para a criação, tornando-se um terreno fértil para expressão artística. Essas regiões são conhecidas pelas ruas movimentadas e diversidade, além de resistência cultural, engajamento social e valor histórico”, explica.
A arte urbana é um movimento artístico que se caracteriza pela expressão de ideias e sentimentos por meio de intervenções em espaços públicos da cidade. “Sua relevância está em trazer arte e conscientização para o cotidiano das pessoas, democratizando o acesso à cultura e transformando a paisagem urbana em um espaço de diálogo e reflexão”, discorre Marisa. A curadora ainda destaca grandes nomes brasileiros da Street Art que fazem sucesso no país e mundo afora, como é os grafiteiros Eduardo Kobra, Gustavo e Otávio Pandolfo (Os Gêmeos), Fabio de Oliveira (Cranio), Rimon Guimarães, Panmela Castro, Andre Mogle, Cadumen, Toys Daniel, SHN, Thiago Alvim, dentre outros artistas.
Por mais que não exista um padrão estético pré-definido para essa manifestação artística, visto que cada artista tem um propósito próprio, as principais técnicas utilizadas na Street Art englobam o grafite, a pintura, lambe-lambe, instalações e intervenções artísticas. De acordo com a curadora, a importância da Street Art reside na sua capacidade de transformar a paisagem urbana em algo criativo e atrativo, ao mesmo tempo em que atua como vitrine histórica e cultural da cidade. “Além disso, a arte de rua é capaz de transmitir mensagens e provocar reações na sociedade, fomentando diálogos sobre questões importantes. Também pode ser uma forma de expressão de artistas que não têm acesso aos espaços expositivos tradicionais. Em suma, a arte urbana enriquece a cidade, tornando-a mais interessante e vibrante”, finaliza Marisa.
