O território de Walt Disney World era um distrito com autonomia administrativa e fiscal supervisionado pela própria Disney desde a década de 1960.
Ontem, o governador da Flórida anunciou que irá retomar o controle do território, o que não é uma notícia tão boa para Disney.
“Hoje o reino corporativo finalmente chega ao fim”, declarou o governador Ron DeSantis ao assinar uma lei aprovada há duas semanas pelo
Legislativo local que devolve ao estado o controle da região.
A lei, com efeito imediato, tira o Reedy Creek Improvement District dos poderes exclusivos que detinha na Flórida por mais de 50 anos.
“Esta legislação acaba com o status de autogoverno da Disney, faz com que a empresa viva sob as mesmas leis que todos os demais e garante que ela pague suas dívidas e sua parte justa de impostos” acrescentou.
Antes, a Disney possuía autonomia para construir, por exemplo, e controlar o território sem grandes burocracias e influência do governo, porém isso agora irá mudar.
A lei renomeará a área como o Distrito de Supervisão de Turismo da Flórida Central. Também dá ao governador o poder de remover todos os cinco membros de seu conselho de administração nomeado pela Disney e escolher substituições a dedo.
Segundo divulgado no Orlando Weekly, DeSantis anunciou suas escolhas para o conselho.Como presidente, ele escolheu o advogado de Tampa Martin Garcia, um conhecido doador republicano da Flórida.
Ele também quer nomear Ron Peri, CEO do ministério Gathering USA; Bridget Ziegler, membro do Conselho Escolar do Condado de Sarasota, cofundador da organização conservadora Moms for Liberty e esposa do novo presidente do Partido Republicano da Flórida; o advogado do Condado de Seminole, Michael Sasso; e o advogado de Clearwater, Brian Aungst.
A empresa, que emprega mais de 75 mil pessoas no estado, administrava como uma prefeitura própria o distrito onde está instalada.
O estado deu ao Walt Disney World controle sobre o distrito tributário em 1967, quando o parque temático estava sendo criado. A lei aprovada anteriormente deu à Disney o controle de questões como uso da terra e serviços de esgoto, que normalmente são tratados pelos governos locais.
O político republicano e a empresa se desentenderam no ano passado quando o então CEO Bob Chapek criticou a lei “Don’t Say Gay” promovida por DeSantis que proíbe abordar questões relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero nas escolas primárias da Flórida sem o consentimento dos pais.
Como represália por essas críticas, o governador assinou em abril uma lei para eliminar o distrito especial da Disney, conhecido até então como Reedy Creek Improvement District.
“Permitir que uma corporação controle seu próprio governo é uma má política, especialmente quando a corporação toma decisões que impactam toda uma região”, afirmou DeSantis.
Especialistas dizem, porém, que os gastos da manutenção do distrito recairão sobre outros condados, já que a Disney não vai arcar mais com custos como fornecimento de água e energia.
Temores semelhantes cercam o destino da dívida municipal do distrito, que é de quase US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões).
O temor é que essa dívida seja transferida para condados vizinhos, uma vez que o distrito não será mais administrado pela Disney.