Nordeste e Europa figuram entre as regiões mais procuradas
A retomada segue marcando presença ativa, gradual e lenta na linha de evolução das atividades operadoras BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo). É o que mostra o sexto levantamento mensal da entidade, que traz dados de agosto sobre a comercialização e gestão de seus associados, que representam cerca de 90% das viagens de lazer comercializadas no Brasil, diante da pandemia da COVID-19.
79% das operadoras realizaram vendas no mês de agosto. Este indicativo manteve estabilidade ante os 78% apresentados em julho, fator traduzido com positividade, já que agosto é, tradicionalmente, um dos meses do ano com volume de vendas mais baixo.
Destaque para uma sutil, mas importante mudança no faturamento das empresas. O percentual de empresas que apontou ter vendido de até 50% comparado ao faturamento do ano anterior deu um salto de 10% para 25% no mês de agosto, dividindo o segundo lugar no ranking com as empresas que faturaram de 11% até 25% em relação ao mesmo período de 2019. O número de operadoras cujo faturamento ainda está até 90% menor do que em 2019, segue alto, em 40%, mas tem apresentado queda desde julho (era 45% em julho e 72% em junho).
Essas variações positivas refletem o cenário já previsto anteriormente de uma retomada de faturamento lenta e gradual, mas, acima de tudo, presente. Tanto que para 87,5% das operadoras, agosto foi melhor ou similar a julho.
A maior parte das consultadas disse ter vendido viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021 (67%), seguidas de viagens que se realizarão em novembro (50%) e dezembro (50%) deste ano. Depois aparecem outubro (46%), setembro (44%) e agosto (29%). As viagens para o segundo semestre de 2021 mantiveram-se no patamar indicado em julho e fizeram parte das vendas de 38% das empresas.
O levantamento mostra que, quanto mais próximo de 2021, maior fica confiança das pessoas em viajar, à medida em que elas se sentem mais seguras e, também, pela possibilidade da aprovação de uma vacina e abertura de fronteiras. E chama a atenção que, embora o consumidor tenha se mantido recluso nesse período, ele tem aproveitado o isolamento para já planejar as viagens que desejam fazer logo depois.
A região Nordeste se destacou mais uma vez, fazendo parte das vendas de 83% das operadoras, seguida das regiões Sudeste, indicada por 80% das pesquisadas, Sul (74%), Centro Oeste (70%) e Norte (62%). Entre os destinos nacionais mais comercializados em agosto, em cada região, figuraram Salvador, Porto de Galinhas, Angra dos Reis, interior de São Paulo, Serra Gaúcha, litoral de Santa Catarina, Bonito e Amazônia.
No internacional, destaque para a Europa, que esteve presente nas comercializações de 75% das pesquisadas, seguidas da América Central/Caribe (62%), América Sul (55%), América do Norte e Ásia/Oceania (48% cada) e África (24%). Entre os destinos mais procurados estão Portugal, Itália, Cancún, Punta Cana, Orlando, Miami, Maldivas, Argentina e Peru.
É importante ressaltar que as vendas de viagens para o exterior, não obstante a volatilidade do dólar, poderiam estar em um patamar mais elevado, não fosse a demora na regularização em 6% do Imposto de Renda Retido na Fonte para as remessas ao exterior, que hoje está em impraticáveis 25%. Essa alta tributação tira a competitividade das empresas nacionais, já que força os viajantes a adquirirem serviços junto a fornecedores sediados no exterior. O setor de agenciamento perde receita, o consumidor perde seus direitos, garantidos pelo código de defesa, por não ter respaldo de uma empresa brasileira e o governo perde a oportunidade de manter empregos e arrecadar com impostos.
Perfil das vendas e do Viajante
As maiores preferências dos turistas se dividiram entre viagens com aéreo de curta distância (voos com menos de 2 horas de duração), seguidos de roteiros completos com voos de longa distância (voos superiores a 2 horas de duração), além das hospedagens em locais de curta distância (até 400 quilômetros). Os resorts aparecem com maior destaque entre as opções para acomodação. A locação de carro se mostrou constante e os cruzeiros marítimos começam a aparecer no ranking das escolhas, o que pode ter ligação com o maior volume de vendas concentrado no primeiro semestre de 2021.
Destinos de praia, campo e cidade ficaram empatados no ranking de buscas, seguidos de locais de natureza e ecoturismo. Em relação ao tempo, as viagens mais comercializadas foram as de média duração (5 a 9 dias), seguidas das de curta duração (até 4 dias). As escapadas de final de semana aparecem em terceiro lugar e, na sequência, estão as viagens de longa duração (10 dias ou mais).
Viagens para casais foram responsáveis pela grande maioria das vendas, seguidas dos roteiros para famílias com adolescentes ou adultos, que tiveram pouca diferença para as vendas de viagens para famílias com crianças pequenas. Viagens entre amigos e pessoas de terceira idade começaram a ganhar representatividade nas buscas.
Cancelamentos em queda
Os pedidos de cancelamento caíram bruscamente e atingiram apenas 30% das empresas consultadas (em julho, esse número era de 73%), evidenciando a tendência de queda, mês a mês, neste quesito, acompanhada desde maio.
Expectativas, gargalos e oportunidades
Quando o foco é o segundo semestre de 2020, 71% dos operadores acredita que o faturamento não atingirá 50% em relação a 2019.
Esse indicativo é um reflexo da escassez das matérias primas de trabalho das operadoras: variedade e volume de produtos ofertados, uma vez que as medidas de distanciamento reduziram a capacidade dos voos, hotéis, restaurantes, passeios, entre outros itens que compõem uma viagem. Como exemplo, dados da ABEAR (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), indicam agosto com a média diária mensal de partidas de 28,1% com a perspectiva de que, em dezembro, haja entre 60 e 65% da malha aérea no ar.
“Assim como o Turismo impacta uma enorme cadeia de atividades econômicas, ele também depende de todas elas para atuar plenamente. O turismo é plural e se faz em conjunto. Diante desse cenário, é importante ressaltar que entre os fatores responsáveis pela estabilidade das vendas no período pesquisado, bem como o aumento do faturamento, estão a criatividade, a flexibilidade e o alto poder de customização das operadoras para a criação de novos produtos, com o intuito de manter nas vitrines opções diferenciadas para todos os perfis de viajantes, apesar de todas as restrições atuais”, ressaltou Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.
Sobre a BRAZTOA
A BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) reúne operadoras de turismo, colaboradoras e empresas de representação de produtos e destinos, além de convidados, responsáveis por estimados 90% das viagens organizadas de lazer, comercializados pela cadeia produtiva no Brasil.
Em 2019, as operadoras associadas à Braztoa faturaram R$ 15,1 bilhões e embarcaram 6,5 milhões de passageiros durante todo o ano. Essas mesmas empresas geraram um impacto econômico de R$ 14,9 bilhões para a economia nacional, neste mesmo período (quantia que contempla a soma do valor dos pacotes comercializados para destinos nacionais, com o gasto médio diário com extras do turista nos destinos).
Entidade de vanguarda e sem fins lucrativos, a BRAZTOA promove ações e parcerias que valorizam as atividades empresariais dos associados, apoiando o desenvolvimento do mercado turístico de forma sustentável.
A associação também tem realizado, desde o início da pandemia de 2020, levantamentos mensais sobre a comercialização e gestão de seus operadores de turismo, disponíveis no endereço www.braztoa.com.br.