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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Entrevista com Luís Carlos Nigro: Conjuntura atual do Mato Grosso e Pantanal.

VoeNews conversou exclusivamente com o presidente do SHRBS-MT sobre os incêndios, Pandemia, momento atual e previsões para o turismo no Pantanal.

 

O presidente do Sindicato Intermunicipal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Mato Grosso e também diretor da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), recebeu o VoeNews virtualmente, para falar um pouco dos incêndios que tem assolado o Mato Grosso e parte do pantanal, segundo Inpe julho registou-se 1.684 focos de queimadas, superando julho de 2005 que até em então era o Julho recordista com 1.259 registros.

O pantanal brasileiro tem sofrido com as mudanças climáticas como bem observou Luís Carlos Nigro, passando por períodos de seca maiores que os habituais, dados da Embrapa mostram que o período chuvoso que compreende Outubro a Março no último período foi 40% menor em relação à média dos anos anteriores. A combinação desses fatores, seca, mudança climática e incêndio podem fazer com a recuperação do Bioma do Pantanal demore décadas.

Também não se pode dispensar o assunto mais comentado no momento que tem sido a pandemia do novo Coronavírus, o Brasil já alcançou mais de 3 milhões de casos, 120.896 mortes e 3.031.559 recuperados, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa e este último segundo dados da Wikipédia. Destes casos aproximadamente 2,31% ocorreu no Estado do Mato Grosso, número pequeno, porém o suficiente para fazer com que houvesse uma estagnação em vários setores como o turismo.

Tendo em vista esse contexto conturbado e atípico, Luís Carlos Nigro concedeu uma entrevista ao VoeNews, falando do momento atual e o que se pode esperar do futuro, o que tem feito o SHRBS-MT, FBHA e o Governo Estadual e Federal para que o mais rápido possível o Pantanal volte a ser um dos destinos mais atrativos nacional e internacionalmente por suas deslumbrantes belezas naturais e bioma.

 

 

Entrevista com Luís Carlos Nigro ao VoeNews:

 

Conte-nos sobre o  desafio de atrair o público brasileiro que gosta mais de praia para o Pantanal?

“O Brasileiro tem uma vontade muito grande de praia, né?! Você ver que de norte e sul, leste a oeste, o pessoal adora muito o litoral brasileiro. É um mercado extremamente atrativo, nós temos ai várias cidades que possuem grandes belezas naturas na área de praia, na praia também há um custo mais barato até mesmo pela quantidade maior de pessoas que a frequentam. Nesse período de pandemia estamos trabalhando muito com mercado interno brasileiro, porque o mercado externo está praticamente paralisado, nós estamos sem as viagens internacionais, poucos voos chegando ao Brasil e nós queremos trabalhar muito com o publico brasileiro pelo fato do pessoal ultimamente querer viajar  curtas distâncias seja ela de carro ou de avião com voos regionais.

Estamos trabalhando para melhorar os preço no Mato Grosso, reduzindo as tarifas, criando promoções dentro do Estado para que possamos ter uma atenção maior dos turistas, para que eles possam olham para o Mato Grosso com outros olhos e um custo menor. Um outro ponto interessante é essa subida do dólar, muitas vezes as pessoas falam ‘ah, o dólar subiu e tal, ?!” mas é muito bom para o Brasil, porque o nosso produto fica mais barato no exterior tanto a soja, o algodão e etc, quanto também o Brasil se torna um destino mais barato, não só para questão de praia mas também o Pantanal, Amazonas, Foz do Iguaçu e etc, fica mais atrativo e mais competitivo, essa questão do dólar vai  ajudar muito para ano que vem.

 

Destinos como o Pantanal e Amazônia, chamam bastante atenção do público internacional, né?!

“Sim, Muito! Aqui de Mato Grosso nós temos o Cristalino Lodge que o melhor hotel do mundo para observação de aves, dentro da floresta amazônica Mato-Grossense, todo Norte-Mato-Grossense é Amazônia e nós temos o melhor hotel do mundo para observação de aves aqui em Mato Grosso e o pantanal, praticamente 80% dos turistas do Cristalino é estrangeiro. Muitas pousadas também aqui também do pantanal trabalham com o público estrangeiro, então o Pantanal e Amazônia são dois carros chefes do turismo internacional aqui no Brasil, são dois ‘Chamarizes’ né?! Porque quando uma pessoa vem para o pantanal, atravessa o Atlântico ou vem dos Estados Unidos e Canadá, ele não fica só no pantanal mas vai ao Rio de Janeiro, Salvador, Manaus, Foz do Iguaçu, então ele roda o Brasil através do pantanal que funciona como um ponto de partida. O Ecoturismo é uma coisa que realmente tem desenvolvido muito no Brasil, temos crescido no número de hospedes para observação de onças que também é outro mercado que cresceu muito. Apesar dos incêndios tem acontecido lá, existem regiões que não foram afetadas e são belíssimas.”

 

Nos últimos anos o Brasil esteve em destaque no que tange a assuntos sobre o Meio Ambiente e desmatamento, inclusive o Presidente francês Emmanuel Macron convocou reunião emergencial com países membros do G7 no ano passado. Essa atenção é um fator positivo para o crescimento do turismo do Pantanal?

“Sim, é muito positivo esse cuidado, a partir do momento em que se tem o turismo como mola econômica dentro de um ambiente de preservação ai sim se tem muito mais preservação. Hoje as grandes fazendas lá (Mato Grosso) se tornaram hotéis de turismo, seja pequeno, médio ou grande, qual é o interesse do ‘antigo fazendeiro’?  e que se preserve! Porque com o turismo se ganha mais dinheiro do que com a fazenda, o turismo hoje gera uma rentabilidade muito melhor para esses fazendeiros do que a fazenda, então ele vai cuidar, preservar, agir de forma diferente para preservar o ambiente, pois com o ambiente preservado ganha-se muito mais dinheiro. Logo esse movimento internacional de preservação ajuda muito e não só o pantanal, mas o mundo todo, um dos grandes problemas que nós temos não só no Brasil é a questão da poluição e desmatamento. Outra coisa que prejudica muito o meio ambiente e é pouco falado é o esgoto  e lixo, são dois problemas gravíssimos que nós temos, esgotos são praticamente jogados ‘in natura’ nos rios, isso acaba indo para todas as bacias hidrográficas que temos no Brasil, infelizmente”

 

Qual tem sido a posição do Sindicato e da federação, perante as autoridades durante esses incêndios que tem atingido o Mata Grosso?

“É de parceria, nós temos trabalhado conjuntamente com o governo federal e estadual para que possamos combater esse grande incêndio, a federação através do sindicato, solicitou o apoio dos hoteleiros da região e nós conseguimos alojar os bombeiros, brigadistas e voluntários nas pousadas, com alimentação, hospedagem e transporte.  O Sesc Pantanal também tem apoiado muito as operações, o aeroporto do Sesc foi praticamente todo cedido para o governo do estado e federal, está funcionando como uma base de operações conjuntas, lá é um ‘QG central’ de todas as equipes. Tem sido um trabalho bonito de se ver, com muito companheirismo e ajuda mútua, esse trabalho de parceria junto com o Sindicato e Federação foram muito importantes.”

 

Qual tem sido o resultado dessa união entre Sindicato e Governo?

“Conseguimos reduzir em 73% os focos de queimada no Pantanal, os bombeiros tem atuado em conjunto com os brigadistas, fazendeiros e voluntários, as equipes tem trabalhado em várias frentes, diminuindo vários pontos de incêndios, vários locais já não tem incêndios, mas ainda tem bastante foco, conseguimos reduzir em 73% entretanto ainda há bastante foco, os maiores estão dando mais trabalho para nós. Nessa semana na terça-feira(18/08), chegaram mais cinco aviões e dois helicópteros do IBAMA especiais para combate a incêndios, o governo federal também disponibilizou retardante que mistura-se com a água para poder ajudar no combate ao fogo, ele ‘abafa’ mais o fogo do que somente a água e depois que seca já se transforma em adubo para ajudar na recuperação das plantas, então tem sido um trabalho muito bom todavia bastante pesado. Há mais de 14 anos não se tinha queimadas no Pantanal, então a quantidade de massa que se juntou é muito grande, existe também uma queima natural gigantesca, volumes e volumes de fogo de grande porte em várias regiões.”

 

Juntando a pandemia com esse incêndio, como se espera ser a recuperação do turismo no Pantanal?

“Nós tivemos uma queda no faturamento dos hotéis por conta do coronavírus de mais de 90% esse ano, nós já tiámos muitos grupos fechados e foram praticamente todos cancelados, a taxa de ocupação dos hotéis está girando em torno de 5%, muito baixa, muitos já fecharam as portas e irão abrir só ano que vem, outros vão fechar agora em setembro após esse incêndio, pois por causa do mesmo muitos grupos também foram cancelados. Realmente é uma situação muito difícil, eu acredito que a recuperação será apenas em 2021, porém mais certo em 2022, a partir daí teremos a certeza de que vai realmente voltar esse movimento turístico para cá. Um coisa que precisa muito no Pantanal é o incentivo aos fazendeiros, muitos têm abandonado suas propriedades, pela questão do custo de se produzir no pantanal que é diferente de qualquer outra região do estado ou país, então precisaríamos também rever essa questão do custo de produção no Pantanal, buscando incentivos para esses fazendeiros para que as fazendas possam está mais voltadas para a área do turismo e ter uma preservação maior.”

 

 

 

Essas foram às palavras de Luís Carlos que tem presidido com êxito o SHRBS-MT, quem tem por objetivo formar um ambiente competitivo para as empresas, principalmente desenvolvimento da área do turismo, que é o principal fomentador da hospedagem e alimentação fora do lar, defender as propostas e melhorias de ambientes comerciais para não só o segmento do turismo, mas também de todos os outros que lhe são integrados.

O turismo no Pantanal movimenta diversos segmentos econômicos, entre eles receptivos, pequenos agricultores, produtores rurais, guias de turísticos, restaurantes, bares, hotéis e assim por diante. Por esse e outros motivos o Pantanal é tão valioso, dentro do Mato Grosso também a outros lugares de tirar o fôlego por sua fauna, flora e beleza natural, que merecem ser conhecidos, como é o caso de Bonito, Nobres, Chapada dos Guimarães, no estado estão as maiores cachoeiras do Brasil, a terceira maior caverna do Brasil, sem falar da recepção da calorosa do povo Mato-Grossense e sua Gastrônoma repleta de delícias.

 

 

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