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domingo, novembro 24, 2024
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Aviação doméstica estaciona em 2015 e vê fim de ciclo de crescimento

A demanda1 por voos domésticos no Brasil avançou 0,8% em 2015 em comparação com todo o ano de 2014. Evoluiu ligeiramente acima da oferta2, que cresceu 0,7%. O fator de aproveitamento3 ficou praticamente inalterado (cresceu 0,06 ponto percentual), fechando o ano em 79,95%. Considerando a série histórica da ANAC, esse foi o pior resultado anual para a demanda desde 2003 (quando houve retração de 6%).

Ao todo, foram realizadas 94,3 milhões de viagens domésticas, uma retração de 0,4% na movimentação de passageiros. Os números são a compilação de 12 meses das estatísticas fornecidas pelas companhias aéreas integrantes da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR).

“Em 2014 – quando não tivemos crescimento nos meses da Copa, apesar do gigantesco desafio operacional – ainda conseguimos progredir 5,7%. Nesse ano, desde julho estacionamos e a partir de agosto começamos a regredir”, diz o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz. De acordo com o dirigente a perspectiva de nova retração do PIB em 2016 não permite relaxamento. “Somos um setor que tem sua dinâmica intimamente ligada à atividade econômica nacional”.

Retrospecto – Ao longo de 2015, os resultados da aviação doméstica revelaram momentos bem distintos: desaceleração, estagnação e queda. Embalada por vendas realizadas ainda no final de 2014, quando os sinais de desaquecimento da economia ainda eram esparsos, e apoiada pela intensificação dos esforços de vendas das companhias, a demanda teve alta em janeiro (9,1%). Mas, com o clima desfavorável aos negócios e as repercussões das apurações de irregularidades nas esferas pública e privada, a participação do segmento corporativo (de viagens frequentes, elevado gasto médio e que predomina no dia a dia da aviação) logo ficou reduzida à metade do usual.

A reação do setor passou por incentivar o público geral. Todavia, mesmo com a oferta de tarifas vantajosas, o vácuo deixado pelos clientes corporativos não foi ocupado pelos demais passageiros (de viagens mais esparsas e muito sensíveis a gastos). Com isso, ainda no começo do ano a demanda passou a caminhar a taxas progressivamente menores, variando entre 1% e 2%. Até experimentou uma reação pontual em julho, época de férias (segundo melhor resultado do conjunto, alta de 8,3%), mas com a exaustão das medidas promocionais e o agravamento da crise econômica, em todos os meses restantes a demanda teve retrações. Elas saíram de um patamar abaixo de 1%, mas se acentuaram no último trimestre: queda de 5,7% em outubro, de 7,9% em novembro e de 4,9% em dezembro.

“Dezembro é tradicionalmente um mês bom para a aviação, porque nessa época a demanda corporativa se soma à de lazer e turismo. Com estes dois grupos controlando gastos, dessa vez ficamos bem abaixo. Saímos de um crescimento de mais de 7% em dezembro de 2014 (sobre o mesmo mês de 2013) para uma queda de quase 5% agora”, explica o consultor técnico da ABEAR Maurício Emboaba. “Como em janeiro de 2015 ainda tivemos um bom desempenho, é provável que esse quadro de dezembro volte a se repetir em janeiro”, projeta.

Em parcelas da demanda4, a participação do mercado4 doméstico por empresas encerrou o ano da seguinte forma:

TAM – 37,04%
GOL – 36,29%
AZUL – 17,14%
AVIANCA – 9,54%

Transporte internacional – A demanda por voos internacionais nas companhias aéreas brasileiras fechou 2015 com expansão de demanda de 13,3%, pouco abaixo da oferta, que avançou 14,1%. O fator de aproveitamento caiu 0,6 ponto percentual, ficando em 81,86% no ano. O total de viagens chegou a 7,3milhões, aumento de 14,25%.

Esses números devem ser postos em perspectiva. O mercado internacional envolvendo o Brasil se divide entre companhias brasileiras e as estrangeiras. Ao inverso do que ocorria na virada do século, as brasileiras têm hoje menos de 30% do total e as estrangeiras ficam os mais de 70% restantes. Em consulta aos dados disponíveis na ANAC, pelos quais é possível observar as estatísticas de brasileiras e estrangeiras, a demanda total acumuladas até o final do terceiro trimestre registrava um crescimento da ordem de apenas 1%.

“Isso nos indica que em virtude do cenário complicado no mercado doméstico e diante do aumento da concorrência entre si no mercado internacional em 2015, as companhias brasileiras disputaram mais acirradamente os passageiros internacionais. Com isso conseguiram também conquistar clientes das estrangeiras”, analisa Emboaba.

Entre as brasileiras, em parcelas de demanda, a participação do mercado internacional fechou 2015 dessa forma:

TAM – 78,47%
GOL – 13,65%
AZUL – 7,83%
AVIANCA – 0,06%

Cargas5 – As associadas ABEAR transportaram 333,9 mil toneladas de cargas em deslocamentos domésticos em 2015 (queda de 10,9% em comparação a 2014) e 179,7 mil, toneladas de cargas nas rotas internacionais (alta de 4,7% na mesma base de comparação). Os números abrangem as operações de AVIANCA, AZUL, GOL, TAM e TAM CARGO.

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