Agência Brasil
A chuva intensa que caiu hoje (23) no centro de Brasília não atrapalhou, mas atrasou a concentração de foliões atraídos pelo Bloco Suvaco da Asa, tradicional na abertura do carnaval de rua em Brasília. O mau tempo e a mudança de trajeto do bloco este ano não desanimaram os milhares de foliões que chegavam aos poucos de todas as partes da cidade à sede da Fundação Fundação Nacional de Artes (Funarte), no Eixo Monumental, uma das avenidas mais movimentadas da capital da Repúblic.
Já nas primeiras duas horas da 11ª edição do desfile, a organização do evento estimava o número de participantes em mais de 40 mil pessoas. Pelas contas da Polícia Militar, cerca de 20 mil foliões estavam no local nos primeiros momentos, embalados pelo frevo, maracatu e ritmos regionais. É exatamente esse volume de pessoas atraídas pelo bloco que gerou a mudança do trajeto para este ano.
Criado em 6 de fevereiro de 2006, o Suvaco da Asa saía sempre nas áreas públicas dos bairros Cruzeiro e Sudoeste. Entretanto, o aumento constante do número de foliões acabou incomodando moradores da região, que começaram a registrar queixas de barulho além da hora permitida e sujeira.
No ano passado, segundo os organizadores, cerca de 80 mil pessoas participaram da festa. Como a capacidade máxima de público autorizada pelo alvará expedido pela administração regional era de aproximadamente 20 mil pessoas, o bloco precisou de novo local.
A mudança dividiu opiniões. Nas redes sociais, fãs do bloco desde a inauguração registraram a insatisfação com a novidade. Entre as críticas postadas na página do Facebook do bloco, alguns foliões argumentaram que o nome do bloco tinha relação direta com o local do antigo trajeto.
“Como Brasília é um formato de avião, o Suvaco da Asa é ali no Cruzeiro Velho e não poderia mudar”, afirmou uma das fãs do bloco. Parte deste grupo decidiu se reunir no antigo ponto de concentração hoje e fazer um desfile paralelo, mas onde o bloco realmente se concentrou também era possível encontrar críticos da medida.
“Eu preferia como era antes. Era perto da minha casa. Aqui está muito estranho. O local é muito grande”, disse a estudante Alexandra Viana dos Reis de Paula, 17 anos, que acompanha o Suvaco desde 2013.
A empresária Cássia Lorena também estranhou a mudança, mas ela, que sai no Suvaco há quatro anos, reconheceu que a medida democratizou ainda mais o bloco. “O Cruzeiro tem mais a essência do bloco. Tinha mais famílias. Agora é uma experiência diferente. O acesso aqui é melhor e acaba abrindo mais espaço de participação.”
No segundo ano de Suvaco, Olenir Mendes da Fonseca, estudante de direito, gostou da nova trajetória e dos horários. “Lá terminava muito cedo por causa dos moradores. Aqui dá para aumentar o período. Além do acesso mais fácil, o ambiente mais espaçoso”, acrescentou.
Com o novo local, a festa que começou às 10h, com atrações musicais, brinquedos infláveis, pintura de rosto e atividades recreativas do Suvaquinho (voltado para as crianças), seguido do som da Orquestra Popular Marafreboi, segue até 22h, com a apresentação de bandas brasilienses.
De acordo com os organizadores, o novo percurso foi um compromisso firmado com o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT).
“Refletirá no bem-estar dos moradores, que deixarão de sofrer com o fechamento das quadras e os transtornos resultantes da passagem do grande volume de pessoas pelas ruas estreitas, sem estacionamento nem calçadas”, destacaram.
Pela Lei nº 5.281/2013, eventos e atividades recreativas com mais de 30 mil pessoas tem de ser realizados em local aberto, sem cercamento, onde se possam oferecer ambulâncias para atendimento médico e equipes de segurança.
“As condicionantes legais para o licenciamento do evento, previstas nessa lei distrital, reforçam a necessidade da mudança do trajeto do bloco”, explicaram os organizadores. No último dia 18, integrantes do MPDFT ainda fizeram uma reunião aberta para tentar esclarecer os motivos da mudança.