O governo de Portugal confirmou em comunicado nesta quinta-feira (11) que escolheu o consórcio liderado pelo investidor David Neeleman no processo de privatização da companhia aérea TAP. O empresário americano-brasileiro é dono e CEO da companhia aérea brasileira Azul. Ele é também o fundador da americana JetBlue Airways.
O consórcio Agrupamento Gateway, formado por Neeleman e pelo empresário português Humberto Pedrosa (do grupo de transporte rodoviário Barraqueiro), deterá 61% do capital social da companhia aérea. O governo de Portugal pedia a participação de um cidadão europeu no consórcio vencedor.
O ministro português adjunto e do Desenvolvimento Regional, Luis Poiares Maduro, disse que o consórcio pagará imediatamente 10 milhões de euros a Lisboa e fará uma injeção em dinheiro 338 milhões de euros na TAP, além de assumir mais de 1 bilhão de euros em dívidas da empresa.
O grupo se comprometeu ainda a adicionar 53 novos aviões à TAP e a manter Lisboa como principal centro de operações da companhia aérea.
A companhi possui atualmente uma frota de 77 aviões, operando, em média, cerca de 2500 voos por semana.
O governo português reservou uma parcela de 61% nesta etapa de privatização e o Estado tem uma opção de venda de outros 34% dentro de dois anos. Os 5% restantes ficaram com os funcionários da companhia.
A disputa
Estava na disputa pela TAP, além do Gateway, o consórcio Sagef, do grupo do brasileiro-colombiano Germán Efromovich, proprietário da colombiana Avianca Taca e sócio do irmão José Efromovich na Avianca Brasil. Em maio, o governo português escolheu os dois consórcios para negociações diretas.
A operação precisa agora do sinal verde da Comissão Europeia, já que as regras do bloco impedem que companhias aéreas com sede na UE sejam controladas em mais de 50% por um proprietário não europeu.
A Azul Linhas Aéreas comemorou o resultado e parabenizou o seu fundador. “A companhia acredita que essa aquisição será uma oportunidade muito boa para o Brasil, uma vez que Portugal é a principal entrada dos brasileiros para a Europa e vice-versa, com aproximadamente 1,8 milhão de pessoas por mês que viajam por esta rota, sendo a maioria à lazer. E a TAP é líder nesse mercado e fundamental para atender a essa demanda”, afirmou a empresa em nota.
À venda
A TAP foi colocada à venda pelo governo português no final do ano passado, com uma dívida de € 1 bilhão e capitais próprios negativos superiores a € 500 milhões, segundo a Reuters. A empresa tem necessidade urgente de se recapitalizar, mas o governo não tem condições e até está impedido de fazê-lo por Bruxelas, a menos que reestruture a empresa, cortando empregos e rotas.
A privatização tem sido marcada pela oposição de alguns sindicatos e de grupos civis, obrigando o governo português a invocar o interesse público da “urgência” em capitalizar a TAP para reverter a suspensão da venda que tinha sido anteriormente declarada por um tribunal.
O grupo TAP inclui, além da companhia aérea, uma empresa especializada em manutenção e engenharia no Brasil e a de gestão de carga e bagagens Groundforce. Elas juntas possuem 13 mil funcionários.
A TAP transportou no ano passado cerca de 11,4 milhões de passageiros – recorde da companhia – para 88 destinos na África, na Europa e na América, continente este último onde é líder nas conexões entre Brasil e Europa, apesar de ter terminado o exercício fiscal com perdas de 85 milhões de euros, informa a agência EFE.
Fonte: G1