Copa do Mundo

Em entrevista a jornal, ministro faz balanço de preparativos do Brasil para a Copa

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Aldo Rebelo comentou investimentos em estádios, aeroportos, mobilidade urbana e questões ligadas à segurança dos torcedores

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, fez um balanço das iniciativas e investimentos para a Copa do Mundo da FIFA 2014 em entrevista ao Brasil Econômico. A conversa foi publicada na edição do jornal que circula nesta segunda-feira, 30.12. Confira abaixo os principais trechos.

Como estão os preparativos para a Copa do Mundo? Há muito por fazer ainda?

A Copa tem duas infraestruturas básicas. A primeira, que é a esportiva, são os estádios. Das arenas, seis foram entregues para a Copa das Confederações. Das outras seis, duas ficarão prontas em dezembro e serão entregues em janeiro: a de Manaus e a de Natal. Creio que a de Porto Alegre vai ser entregue em janeiro, na de Curitiba houve um atraso, mas ela deve ficar pronta em fevereiro ou março. A do Corinthians será entregue na primeira quinzena de abril e a de Cuiabá, que também atrasou, deverá ficar para o começo de fevereiro. Mas todos os estádios ficarão prontos para a Copa de 2014. Outra infraestrutura básica está relacionada às obras de mobilidade urbana, obras aeroportuárias e portuárias, que também estão recebendo melhorias e ampliações. Essas estão todas em andamento. A infraestrutura aeroportuária projetada para junho e julho de 2014 é quase o dobro da demanda projetada para a mesma época. O que temos como objetivo nos aeroportos é melhorar a operação, porque a capacidade que temos é grande. O que precisamos é melhorar é a operação, como a mobilidade do passageiro dentro do aeroporto, no momento em que ele chega para embarcar ou no momento em que o avião pousa até a saída do passageiro do aeroporto. É isso que estamos empenhados em melhorar. As obras de mobilidade urbana, como VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), metrô, avenidas, viadutos, alças de acesso entre as vias de trânsito nas cidades-sedes também serão entregues às vésperas da Copa do Mundo. As outras que não tiveram prazo de entrega até a Copa foram retiradas da matriz de responsabilidade.

Muitas obras ficaram para trás?

Ficaram para trás algumas vias em Porto Alegre (RS), que não tiveram tempo hábil para ser entregues. O VLT de Manaus (AM) e de Brasília (DF) também deixaram de constar na matriz de responsabilidade. Mas, mais de 90% das obras previstas permaneceram e serão entregues. Em São Paulo, as obras estão quase todas situadas na Zona Leste da cidade, ou seja, são obras que facilitam o acesso e o deslocamento para o estádio do Corinthians. Estão todas em curso. O aeroporto de Guarulhos também recebeu muitas melhorias e já é possível perceber que a operação do aeroporto melhorou bastante. O de Campinas também está em obras.

Quando o sr. foi indicado para o Ministério do Esporte comentou-se que os membros da CBF e da Fifa rejeitaram o seu nome pelo fato de o sr. ter presidido a CPI da CBF-Nike. Como é a sua relação com os membros dessas entidades?

É uma relação institucional. Uma relação de respeito porque eu represento o governo no esforço de construir o projeto da Copa. A Fifa e a CBF, que dirige o comitê organizador local, sempre tiveram uma relação de respeito comigo. O governo passou a integrar o comitê organizador local, até eu assumir o ministério não tínhamos esse representante, e passamos a ter. Eu indiquei o secretario-executivo, que é o coordenador do Gecopa, (Luis Fernandes, secretário executivo do Ministério do Esporte), que, na própria avaliação da Fifa e da CBF, foi um personagem muito importante para a cooperação e a aproximação entre as ações do governo e as dos estados e municípios e do próprio comitê organizador local. Nós passamos a antecipar os problemas e as soluções da corrente do esforço e da organização da Copa. Então, eu diria que o saldo foi muito positivo. E, quando houve divergências, administramos as questões sempre em função do interesse público, do interesse nacional e do interesse do evento, para que ele fosse realizado da forma mais organizada e com o maior sucesso possível.

É possível afirmar que a Fifa foi exigente com o Brasil, colocando em xeque a soberania do país?

Não creio. No caso do Brasil, acho que houve uma compreensão muito grande e uma confiança enorme na nossa capacidade de organizar e realizar as coisas. A Fifa não tem poder, nem o objetivo de colocar a soberania de ninguém em risco. A Fifa não é nenhuma Otan do futebol, não tem essa força. É uma organização que reúne mais países que a própria ONU, que administra com muito sucesso os conflitos. Basta dizer que enquanto a ONU não reconhece bem a Palestina, a Fifa já reconhece. A Palestina participa das eliminatórias da Copa. Isso mostra que a Fifa sabe lídar com as contradições e os conflitos e, em relação ao Brasil, demonstrou ter muita compreensão e respeito. Houve aquele episódio da frase do secretário-geral da Fifa, que nós respondemos da forma que julgamos mais adequada, mas depois disso tem prevalecido mais um ambiente de cooperação. (Em referência à frase de Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, que, em março do ano passado, disse que o Brasil merecia “um chute no traseiro” pelos atrasos nas obras e que a prioridade do país era ganhar o mundial e não organizar a Copa do Mundo).

Serão adotadas medidas preventivas contra possíveis manifestações durante a Copa?

As manifestações não interferiram na realização da Copa das Confederações. Nenhum jogo deixou de ser realizado, nenhuma delegação deixou de cumprir o seu trajeto. As forças de segurança demonstraram uma maturidade muito grande para garantir ao mesmo tempo a integridade dos manifestantes e a realização da Copa das Confederações, que nós defendemos que fosse protegida. O mesmo procedimento será adotado em relação à Copa do Mundo. Ou seja, as forças de segurança vão atuar para proteger a Copa, os jogos, garantir o direito dos torcedores, da população e dos visitantes. E se houver manifestação, a garantia da manifestação será a mesma que é dada pela Constituição e a Lei. A minha impressão é que não haverá manifestações. Acho que o país viverá um clima de confraternização e de festa na época da Copa.

Como o sr. viu as críticas na imprensa nacional e internacional à organização do Mundial?

Numa sociedade democrática, é necessário conviver com as críticas. Eu não respondo às críticas. É preciso agir para cumprir o papel que cabe a cada um. E o papel que me coube foi o de ajudar a organizar a Copa do Mundo. Eu encaro a crítica como um direito. Certa ou errada, é uma prerrogativa daqueles que têm uma função constitucional, como o Congresso, ou daqueles que têm função social, como a imprensa.

Há um plano preventivo contra a violência nos estádios durante a Copa do Mundo?

Não vamos adotar nenhuma medida de segurança específica para a Copa. O público que vai para os estádios na Copa não é um público disposto a praticar atos de vandalismo ou de violência. Esses atos de violência já têm punição prevista na lei. Bastava nos episódios de Santa Catarina, São Paulo e de Brasília que a polícia efetuasse as prisões em flagrante, ou com base na Lei do Torcedor, ou com base no Código Penal. Para o crime de tentativa de homicídio está prevista a prisão em flagrante. Só que as prisões não foram efetuadas na mesma proporção que a do número de envolvidos. Houve dezenas de pessoas brigando, tentando se matar, e houve poucas prisões. Se houver prisão em flagrante, já prevista em lei, se houver a identificação e o indiciamento dos acusados, e, a partir daí, o julgamento e a condenação, eu creio que o nível de violência tende a diminuir. Mas, de qualquer maneira, há uma esfera de ações que cabe aos governos estaduais, e não ao governo federal, porque não há uma nacionalização do crime para que a Polícia Federal possa atuar. Nesses casos, são as polícias estaduais que têm de atuar. A jurisdição também é da Justiça dos estados. Nós conversamos com o Conselho Nacional de Justiça que deverá recomendar a criação de juizados especiais para esses casos. O Conselho Nacional do Ministério Público também vai unificar uma visão a respeito disso, criando delegacias especiais, porque a polícia também se queixa de que não há espaço para alojar tantos presos. São essas as medidas que devem ser colocadas em prática para que a lei seja aplicada, porque a lei já prevê, inclusive, a presença da polícia dentro dos estádios.

Algo tirou o seu sono em relação aos preparativos para a Copa?

Num evento como a Copa não há mistério, não há segredo. Essa é a 20ª Copa. A 19ª foi organizada na África do Sul, a 18ª foi organizada na Alemanha e assim por diante. E em tudo isso há um aprendizado. De antemão, já se sabe as operações que foram realizadas para tornar possível o evento. O que teremos de diferente no Brasil é que estamos realizando uma Copa com 12 cidades-sede, localizadas em pontos diferentes do país, cada uma com suas particularidades. Em todas elas temos preocupações diferentes. Em uma há preocupações com a rede hoteleira, em outra, com o aeroporto, com a mobilidade local, mas tudo isso foi planejado com antecedência, as obras foram iniciadas para corrigir essas necessidades e acho que, com planejamento antecipado e com muito trabalho, não há porque temer qualquer insucesso durante a Copa. Ela não tem segredo, nem tem mistério. O que tem é muito trabalho. E é isso que se exige dos responsáveis pela organização.

Diante da experiência acumulada com a organização do Mundial, há alguma coisa que o sr. faria diferente?

Não faria nada diferente. O mais importante é zelar mais pelos prazos, o que não é um problema só do Brasil. Lamentavelmente, essas obras muitas vezes são entregues muito em cima da data e isso prejudica a realização dos eventos-teste necessários para garantir o êxito da Copa. É preciso testar a acessibilidade, a segurança, a mobilidade antes da realização do evento principal. Se não se trabalha com prazos, isso fica prejudicado.

Acontecimentos como os de violência nos estádios, a morte de operários na construção de arenas e as manifestações populares mancharam a imagem do Brasil a ponto de afastar torcedores estrangeiros?

Não houve notícia de cancelamento de nenhuma viagem por conta desses acontecimentos. Na véspera dos megaeventos esportivos no mundo em Londres, em Pequim, em Paris -, houve manifestações muito mais violentas do que as que aconteceram no Brasil. Estava conversando com a ministra do Esporte da França e ela me falou sobre os acidentes ocorridos nas obras da Copa. Recentemente, no dia de uma disputa entre o Milan, da Itália, e o Ajax, da Holanda, três torcedores foram esfaqueados nas ruas de Milão. Quero dizer que os acidentes e a violência não são exclusividade do Brasil. Claro, isso não nos exime da tarefa de coibir e reduzir a violência e os acidentes no país. Mas acho que o mundo conhece aspectos mais difíceis de violência do que o Brasil.

Como foi o envolvimento da presidenta Dilma na organização da Copa? Ela acompanhou de perto os preparativos, fez cobranças ou exigências?

A presidente Dilma incumbiu o Ministério do Esporte de coordenar o esforço do governo na preparação da Copa e, periodicamente, eu presto contas de todas as ações realizadas. Ela acompanha com interesse. Participou da entrega dos seis estádios concluídos para a Copa das Confederações e deverá participar da entrega dos outros seis. Inclusive, eu pedi o adiamento da entrega das arenas de Natal (RN) e de Manaus (AM) para viabilizar a presença da presidente Dilma na inauguração.

Qual o balanço da sua gestão como ministro do Esporte?

O nosso esforço foi concentrado em preparar os grandes eventos esportivos. Isso consumiu boa parte do esforço do ministério. Dar contas das tarefas, conduzir o grupo executivo da Copa e depois também foi criado por decreto o grupo executivo da Olimpíada. Ampliamos os programas do ministério. A execução orçamentária foi sendo ampliada de ano para ano. Ampliamos o investimento na infraestrutura básica para a prática de esportes. Dois terços dos estados brasileiros não tinham sequer uma pista oficial de atletismo. Muitos estados sequer tinham uma piscina olímpica para a prática de competições oficiais. Nós colocamos como meta entregar para cada estado, pelo menos, uma pista oficial para atletismo. Já entregamos no Rio Grande do Norte, vamos entregar em outros estados. Anunciamos, recentemente, a obra de Sergipe. E um absurdo um estado como a Bahia não dispor de uma piscina olímpica nem pública, nem privada. O governo tem de construir. Essas metas nós vamos alcançar. Planejamos a criação de 285 centros de iniciação ao esporte e os recursos para a construção desses centros estarão disponíveis ainda neste ano para 263 municípios.

Foto: Léo Corrêa/Arquivo SECOM
Fonte: Portal da Copa – Governo Federal

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