As companhias aéreas querem que os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont funcionem 24 horas durante a Copa. O pedido foi apresentado ontem pelo presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz, ao ministro da Aviação Civil, Moreira Franco.
“A proposta é que a operação possa se estender noite adentro apenas nos dias em que houver algum problema que fuja do controle das companhias, como o fechamento de um aeroporto por mau tempo”, disse Sanovicz.
O pedido é para as cidades-sedes, mas na prática afeta só Congonhas e Santos Dumont, que operam com restrição de horário. Ambos funcionam das 6h às 23h. Em caso de fechamento por mau tempo, as empresas querem poder retomar as operações na hora em que as condições melhorarem, para poder transportar até o último passageiro.
“Não queremos deixar ninguém no chão”, disse Sanovicz. Pelas regras da Anac, as empresas são obrigadas a providenciar acomodação para o passageiro se o voo atrasar quatro horas ou mais.
O fechamento de aeroportos no inverno é comum. No ano passado, Santos Dumont ficou fechado por 11 horas 39 minutos entre junho e julho.
A demanda das empresas é para o período de 1º de junho a 20 de julho. Elas argumentam que a medida reduziria cancelamentos e também a necessidade de ter de acomodar passageiros em uma época em que será difícil conseguir leitos.
As empresas chegaram a estudar a hipótese de usar conventos ou unidades militares para acomodar passageiros, o que foi descartado.
Procurada, a Secretaria de Aviação Civil afirmou que analisa a proposta.
MORADORES DE MOEMA
Abrir Congonhas e Santos Dumont 24 horas significará comprar briga com os moradores em razão do barulho.
“Farei o possível para que todos de Moema saibam e façam abaixo-assinado para impedir que isso aconteça”, disse Rosângela Lurbe, presidente da associação de moradores do bairro. “Sou totalmente contra abrir 24 horas.”
No Rio, a resistência é semelhante. Em 2010, o Inea (Instituto Estadual do Meio Ambiente) acertou com a Infraero a redução de voos das 6h às 8h e das 20h às 22h30.
Durante o encontro em Brasília, as empresas apresentaram também sugestões para a implementação do plano de flexibilização da malha. O pleito, que já foi aceito pelo governo, mas que ainda precisa ser detalhado, prevê que as empresas possam cancelar e criar voos com pouca antecedência.
Atualmente, leva cerca de dois meses para a Anac aprovar um novo voo. A flexibilização da malha permitirá às empresas cancelar e acrescentar voos de acordo com a demanda e o desempenho das seleções na Copa. Com isso, elas ficam livres para transferir aviões de rotas de baixa demanda para rotas de alta demanda sem que sejam punidas pelo cancelamento.