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sábado, novembro 23, 2024
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NEGÓCIOS DA AVIANCA – QUANDO O EMPATE É GOLEADA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Avianca não conseguiu lucrar em 2012. Mas também não teve prejuízo. Em um momento em que as companhias de aviação comercial brasileiras apresentam perdas bilionárias, essa é uma boa notícia.

Por Rodrigo CAETANO

O técnico Carlos Alberto Parreira, campeão mundial em 1994, com a Seleção Brasileira, é um dos precursores do que ficou conhecido como futebol de resultados. A tática é simples: pense primeiro em não perder, para só depois vencer – “o gol é apenas um detalhe”, costumava dizer. Logo, uma das características dos adeptos dessa estratégia é montar times que jogam na retranca. Nesse esquema, o empate pode ser encarado como um bom resultado, desde que ajude a equipe a avançar no campeonato. É o caso da Avianca, quarta colocada no ranking da aviação comercial brasileira, com 6% de participação de mercado. Em 2012, a empresa, comandada pelo boliviano naturalizado brasileiro José Efromovich, não lucrou.

Mas também não apresentou prejuízo. No popular, ficou no zero a zero. A julgar pela turbulência no balanço das duas principais empresas de aviação do Brasil pode-se afirmar que esse desempenho foi praticamente uma goleada. A líder TAM, que se uniu à chilena LAN, dando origem a Latam, teve perdas de R$ 928 milhões nos seis primeiros meses do ano passado – após a conclusão da fusão, em 2011, ela deixou de ser listada na Bovespa e não revela mais os números. A Gol, por sua vez, conta com um rombo de R$ 1 bilhão nos três primeiros trimestres de 2012. A Azul, que se uniu à Trip, não divulga seus dados. “É o nosso melhor momento”, afirma Efromovich, presidente da Avianca.

É fácil entender o que diz o empresário, considerando-se a trajetória da companhia. Em 2007, Efromovich assumiu a Avianca, após vencer uma queda de braço com seu irmão German, de quem é sócio no grupo colombiano Sinergy, que controla a companhia aérea colombiana Avianca-Taca e tentou comprar, sem sucesso, a portuguesa TAP, em dezembro do ano passado. Na época chamada de OceanAir, ela tinha perdas anuais na casa dos R$ 600 milhões. Os problemas da companhia aérea envolviam ainda atrasos de pagamentos aos fornecedores e reclamações dos usuários quanto à qualidade dos serviços. Desde então, Efromovich iniciou uma faxina para mudar essa realidade.

Num primeiro momento, reduziu a frota, demitiu funcionários e fez uma injeção de capital de R$ 200 milhões. Sua grande sacada, no entanto, foi oferecer aos passageiros a sensação de estarem revivendo a era de ouro da aviação civil, quando voar era sinônimo de sofisticação e luxo. “Quem viaja conosco sente que está voltando no tempo”, afirma o empresário. “O brasileiro não tem a cultura de pagar por um sanduíche a bordo.” A Avianca, ao contrário de seus principais concorrentes, não adotou o modelo de baixo custo. Muito menos entrou na guerra das tarifas. Ao contrário. Entre outras coisas, passou a mimar seus passageiros com refeições quentes em todas as rotas. 

E os assentos contam com telas individuais de vídeo. A estratégia, como demonstram os números, deu certo. Em 2012, a Avianca foi a companhia área que mais cresceu em número de passageiros transportados: alta de 84% em comparação ao ano anterior. Seu faturamento passou de R$ 800 milhões, em 2011, para R$ 1,4 bilhão, em 2012. A taxa de ocupação dos voos da Avianca é de cerca de 80%, equivalente à da Azul. O índice é dez pontos percentuais acima da média do setor. Seus aviões voam lotados, apesar de enfrentarem a TAM e a Gol em 21 das suas 22 rotas. O desafio da Avianca é manter essa trajetória de expansão em um cenário cada vez mais adverso.
Atualmente, as companhias aéreas sofrem com o custo alto do combustível, que representa 40% de seus custos, e das tarifas aeroportuárias. “Não importa o quanto sua gestão é boa, se o preço do petróleo subir, você vai ser impactado”, afirma Paulo Castello Branco, presidente do grupo de turismo Águia e ex-vice-presidente da TAM. Para reduzir despesas, muitas delas passaram a tratar seus passageiros com água e amendoins. Outras, como a Gol, resolveram cobrar pelo serviço de bordo. “A aviação está se tornando uma commodity”, diz Castello Branco. “A Avianca pode se dar ao luxo de ir na contramão do mercado por ter um porte menor.”
Fonte: Isto é Dinheiro

 

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