A Avianca não conseguiu lucrar em 2012. Mas também não teve prejuízo. Em um momento em que as companhias de aviação comercial brasileiras apresentam perdas bilionárias, essa é uma boa notícia.
Por Rodrigo CAETANO
O técnico Carlos Alberto Parreira, campeão mundial em 1994, com a Seleção Brasileira, é um dos precursores do que ficou conhecido como futebol de resultados. A tática é simples: pense primeiro em não perder, para só depois vencer – “o gol é apenas um detalhe”, costumava dizer. Logo, uma das características dos adeptos dessa estratégia é montar times que jogam na retranca. Nesse esquema, o empate pode ser encarado como um bom resultado, desde que ajude a equipe a avançar no campeonato. É o caso da Avianca, quarta colocada no ranking da aviação comercial brasileira, com 6% de participação de mercado. Em 2012, a empresa, comandada pelo boliviano naturalizado brasileiro José Efromovich, não lucrou.
Mas também não apresentou prejuízo. No popular, ficou no zero a zero. A julgar pela turbulência no balanço das duas principais empresas de aviação do Brasil pode-se afirmar que esse desempenho foi praticamente uma goleada. A líder TAM, que se uniu à chilena LAN, dando origem a Latam, teve perdas de R$ 928 milhões nos seis primeiros meses do ano passado – após a conclusão da fusão, em 2011, ela deixou de ser listada na Bovespa e não revela mais os números. A Gol, por sua vez, conta com um rombo de R$ 1 bilhão nos três primeiros trimestres de 2012. A Azul, que se uniu à Trip, não divulga seus dados. “É o nosso melhor momento”, afirma Efromovich, presidente da Avianca.
Num primeiro momento, reduziu a frota, demitiu funcionários e fez uma injeção de capital de R$ 200 milhões. Sua grande sacada, no entanto, foi oferecer aos passageiros a sensação de estarem revivendo a era de ouro da aviação civil, quando voar era sinônimo de sofisticação e luxo. “Quem viaja conosco sente que está voltando no tempo”, afirma o empresário. “O brasileiro não tem a cultura de pagar por um sanduíche a bordo.” A Avianca, ao contrário de seus principais concorrentes, não adotou o modelo de baixo custo. Muito menos entrou na guerra das tarifas. Ao contrário. Entre outras coisas, passou a mimar seus passageiros com refeições quentes em todas as rotas.