Do empoderamento comunitário à proteção marinha, o Brasil reafirma sua liderança em sustentabilidade e inovação no turismo
Em um momento no qual a urgência climática se impõe sobre todas as agendas globais, o estande do Ministério do Turismo na COP30, em Belém (PA), proporciona um espaço de inovação e compromisso ambiental. Com mediação da coordenadora-geral de Turismo Sustentável e Responsável do órgão, Carolina Fávero, o painel “O turismo regenerativo: além da sustentabilidade nos oceanos” mostrou, nesta terça-feira (11.11) que o Brasil não apenas vislumbra um futuro mais verde, mas o constrói diariamente.
A proposta é clara: desacelerar, repensar e reconhecer que cada viagem pode ser um elo na regeneração dos ecossistemas – especialmente os azuis, que moldam a identidade natural do Brasil.
TURISMO REGENERATIVO – Nátali Piccolo, do Programa Marinho e Costeiro da Conservação Internacional (CI), apresentou o caso da Aliança Futuri, criada no sul da Bahia durante a pandemia de Covid-19. A iniciativa surgiu da necessidade de conter o avanço do turismo de massa, que afastava as comunidades locais e comprometia o equilíbrio ambiental.
Atualmente, a Aliança reúne mais de 290 aliados, entre extrativistas, quilombolas, indígenas e empreendedores de diferentes portes, conectados por uma rede cooperativa online que fomenta a governança participativa e a sustentabilidade. Um dos resultados é o Manual de Boas Práticas, ferramenta de autoavaliação que estimula os negócios a aprimorar continuamente sua atuação.
“O turismo de conservação de baleias e o turismo científico são exemplos de um turismo verdadeiramente regenerativo”, destacou Nátali, ressaltando o impacto socioeconômico e ambiental positivo da iniciativa.
BANDEIRA AZUL – O gerente da Diretoria de Produtos Turísticos da Secretaria de Estado de Turismo do Pará, Alysson Neri, compartilhou a experiência do Programa Bandeira Azul – selo internacional que reconhece boas práticas ambientais – em áreas amazônicas.
Embora o Brasil já conte com 60 destinos certificados, o desafio é adaptar o modelo às características regionais, que incluem praias de rio e lagoa. Na Ilha do Marajó, a implantação do programa na Praia do Pesqueiro, na Reserva Marinha de Soure, resultou em um projeto inovador: um banheiro ecológico sustentável, construído a partir de materiais locais e equipado com sistema de biodigestão que utiliza fezes de búfalo.
“Foi um projeto lindo, símbolo de sustentabilidade, que chegou a ser finalista do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade em 2016”, lembrou Alysson, destacando que a experiência reforça o potencial amazônico para ações de turismo responsável.
VELEJADORES AZUIS – Já a velejadora e escritora Heloísa Schürmann abordou o papel dos navegadores na regeneração dos oceanos. “O barco é minha casa e o meu quintal é o oceano. Então, tenho que mantê-lo limpo”, resumiu Heloísa.
Ela apresentou o movimento Velejadores Azuis, que promove práticas regenerativas no universo náutico. A bordo de seu veleiro, Heloísa aplica soluções que vão desde o tratamento completo das águas servidas – devolvendo-as 99,9% limpas ao mar – até a gestão de resíduos, compostagem e reciclagem de vidro, transformado em areia.
“Precisamos inspirar cada vez mais pessoas a agir. O turismo também é uma forma de regenerar o planeta”, defendeu a velejadora.
PROGRAMAÇÃO – O estande do Ministério do Turismo terá uma programação robusta e estratégica ao longo das duas semanas da COP30. No Auditório Carimbó, especialistas nacionais e internacionais participam de debates de alto nível sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e a valorização de comunidades tradicionais, promovendo reflexões essenciais para o futuro do setor.
Por Lívia Albernaz
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo






