Nova diretriz prevê endurecimento na concessão e manutenção de vistos; especialistas alertam que até portadores de green card e cidadania podem ser impactados
As declarações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmam que as operações contra imigrantes “não foram longe o suficiente” no passado e que, agora, o objetivo é ampliar o controle e acelerar deportações. Usada como propaganda de campanha, a revisão das políticas migratórias agora é realidade.
A expectativa é de que o novo pacote inclua mudanças em categorias de visto como o de trabalho temporário (H-1B), o de investidor (EB-5) e o de estudante (F-1), além de revisões em pedidos de residência permanente. Trata-se de uma ampla revisão nas políticas migratórias, com foco em reavaliar concessões de vistos, green cards e naturalizações.
Deportação automática: o que muda para quem tem green card e cidadania?
Segundo o advogado Bruno Lossio, especialista em Direito Internacional e Imigratório, o impacto pode atingir até imigrantes legalizados. “O governo pretende revisar processos de naturalização e residência já aprovados, especialmente nos casos em que houver qualquer indício de fraude, erro administrativo ou descumprimento de requisitos legais. Isso inclui quem já possui green card ou até mesmo quem obteve a cidadania americana por naturalização”, explica.
O especialista destaca que o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) já atualizou seu portal oficial reforçando a necessidade de comprovação de boa conduta moral, residência contínua e cumprimento das exigências legais durante todo o período de análise da cidadania. “Essa reavaliação pode gerar cancelamentos de status, deportações automáticas e um aumento expressivo na burocracia para novos pedidos”, completa.
Segundo o Instituto de Política Migratória (MPI), só em 2019 havia mais de 502 mil imigrantes brasileiros legais residindo nos EUA. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) estimou, em 2021, que havia mais de um milhão e novecentos mil brasileiros vivendo nos Estados Unidos, entre documentados e indocumentados. Por isso, a revisão anunciada por Trump pode afetar diretamente milhares de famílias e empreendedores. Para quem está nos EUA com visto temporário ou deseja aplicar para residência, especialistas recomendam atenção redobrada às atualizações do USCIS e acompanhamento jurídico especializado.
Como garantir o visto no cenário de instabilidade?
O tempo médio de espera para a emissão do visto americano nos consulados brasileiros dobrou, chegando a 57 dias em outubro de 2025. O aumento no tempo de espera não ocorre apenas no Brasil, mas em diversos consulados ao redor do mundo.
De acordo com o advogado Henrique Scliar, especialista em Direito Internacional e Imigratório, “um dos principais motivos é a antecipação de muitos candidatos ao reajuste de 250 dólares na taxa de emissão do visto, anunciado pelo governo Trump”.
O segundo semestre já apresenta uma alta demanda devido às viagens de final de ano, o que aumenta o volume de solicitações e pressiona o sistema consular. “A principal recomendação é iniciar o processo de solicitação do visto com antecedência para evitar contratempos. Agendar a solicitação muito próximo da data da viagem representa um risco alto de atrasos e cancelamentos, gerando custos de reagendamento de voo. A dica é começar o planejamento agora para quem tem planos de viajar, estudar ou trabalhar nos Estados Unidos nos próximos meses. Antecipar a solicitação é a melhor forma de evitar imprevistos e garantir tranquilidade até a data da viagem”, afirma o advogado.
Sobre os especialistas:
Bruno Lossio é advogado em Direito Internacional e Imigratório, sócio em três escritórios de advocacia, dois deles sediados nos Estados Unidos: a Premium Global Mobility Partner, referência em planejamento imigratório, e a SLS Legal Advisory, com sede em Washington, D.C. No Brasil, também é sócio do LSF Advogados Associados, no Rio de Janeiro.
Coordena o Centro de Estudos e Atualizações em Direito Internacional do Instituto Nêmesis, contribuindo para a formação de uma nova geração de advogados. Sua trajetória e visão estão registradas no livro “Incendiários- Os Códigos das Mentes Imparáveis”, em que mostra que, com estratégia, coragem e propósito, é possível transformar o conhecimento jurídico em liberdade geográfica e realização pessoal.






