Plataforma alega que decisão do Cade aumenta concentração no setor rodoviário e impacta negativamente os consumidores
São Paulo, 7 de outubro de 2025 – A BlaBlaCar recebeu com preocupação a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que aprovou sem restrições a operação entre RJ Participações e ClickBus. Trata-se de um dos casos mais relevantes de concentração no setor rodoviário brasileiro, consolidando empresas líderes em um ecossistema digital que já abarca praticamente todas as etapas da cadeia de comercialização de passagens intermunicipais. Com a aquisição, grupos empresariais como a JCA, que já controlam algumas das maiores viações do país e detém a principal plataforma digital de venda de passagens, a ClickBus, ampliam sua influência sobre o setor, passando a controlar também os principais canais digitais de gestão e distribuição dessas passagens.
Essa consolidação amplia o risco de concentração excessiva de poder de mercado, gerando incentivos à exclusividade, à discriminação de concorrentes e à redução da diversidade de canais de distribuição. Tal cenário impacta não apenas as empresas que buscam competir de forma leal, mas também o consumidor, que pode ver reduzidas suas opções de escolha, enfrentar aumento de custos e sofrer com a limitação da inovação no setor.
Embora a própria Superintendência-Geral do Cade tenha reconhecido a centralidade dos grupos empresariais que controlam aproximadamente 65–72% das rotas do mercado rodoviário, a operação foi aprovada sem qualquer salvaguarda, sobretudo no que diz respeito aos impactos da concentração nos canais independentes de distribuição de passagens.
O Cade justificou a aprovação da consolidação vertical como uma medida para aumentar a eficiência e permitir que as viações tradicionais respondam à chegada de novos modelos digitais. A decisão, no entanto, desconsidera o risco de favorecer canais controlados pelas próprias viações, o que deve restringir o acesso de plataformas independentes de venda de passagens, peças-chave para manter a concorrência e o equilíbrio no setor.
Por entender a relevância desse processo para o futuro do setor, BlaBlaCar, Omio e BusOn solicitaram ao Cade o direito de atuar como terceiras partes interessadas, o que permitiria apresentar análises técnicas e, se necessário, recorrer da decisão. O indeferimento desse pedido, no entanto, impediu que fossem considerados plenamente os impactos da operação sobre concorrentes, consumidores e o mercado como um todo.
A BlaBlaCar reafirma seu compromisso com a concorrência justa, a inovação e a expansão de alternativas seguras e acessíveis de mobilidade no Brasil. Seguiremos defendendo um mercado mais equilibrado, transparente e inclusivo, que beneficie passageiros, transportadoras e toda a sociedade.






