O Rio de Janeiro, mundialmente conhecido por suas belezas naturais e rico patrimônio cultural, tem desenvolvido nos últimos anos vocação para sediar grandes competições esportivas, inclusive internacionais. Em 2026, por exemplo, a cidade receberá jogos da NFL (National Football League), a principal liga de futebol americano profissional dos Estados Unidos, e a Copa do Mundo de Futebol Feminino de Futebol virá no ano seguinte, em 2027. Esses eventos atraem quantidade significativa de visitantes e trazem benefícios para a imagem da cidade, com impactos diretos na cadeia do turismo – de hotéis a shoppings e restaurantes, contribuindo para a geração de empregos, aumento da arrecadação e fortalecimento do setor turístico.
Segundo dados da Riotur, em 2024, mais de 4 mil eventos movimentaram a cidade, gerando um impacto econômico superior a R$ 20 bilhões e atraindo mais de 20 milhões de pessoas. O crescimento do turismo internacional também é notável: no primeiro trimestre de 2025, mais de 750 mil visitantes estrangeiros passaram pelo Rio, um aumento de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para o secretário estadual de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, os eventos esportivos ocupam papel fundamental no calendário do estado e reforçam a vocação como um dos principais polos esportivos do país, além de impulsionar diversos setores da economia, promover inclusão social e fortalecer a imagem do Rio como um destino turístico de destaque. “Setores como hotelaria, gastronomia, transporte, comércio e serviços em geral são beneficiados. O retorno dos grandes eventos é mais imediato do que se o Estado recebesse esses tributos e reinvestisse no seu orçamento. Em 2024, considerando apenas o Rio Open, a Maratona do Rio e a etapa do Mundial de Surf da WSL, o Estado abriu mão de R$ 35 milhões em renúncias fiscais, mas esses eventos injetaram mais de R$ 600 milhões na economia local”, explica.
O secretário municipal de Esportes do Rio, Guilherme Schleder, concorda com a importância dos eventos esportivos e ressalta que os efeitos vão além do âmbito esportivo. “O aspecto da saúde é um dos principais, porque a gente percebe que o trabalho de iniciação esportiva que temos nas comunidades rende frutos. Hoje temos 28 equipamentos esportivos, incluindo Vilas Olímpicas, o Velódromo e o Parque Radical de Deodoro, que atendem quase 70 mil pessoas. Isso sem falar no projeto Rio em Forma, com mais de 80 mil inscritos. Recebemos quase 500 eventos na cidade em 2024, movimentando cerca de R$ 8,4 bilhões na nossa economia. A previsão atual é de termos 350 eventos ligados ao esporte em 2025”.
De acordo com o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, o legado deixado pelos Jogos Olímpicos de 2016 é evidente na infraestrutura que a cidade mantém. “Arenas como a Farmasi Arena, inaugurada para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e utilizada na Olimpíada de 2016, continuam a receber eventos de diferentes portes, promovendo experiências únicas aos visitantes e atletas. Essa estrutura moderna garante que o Rio seja palco de competições de alto nível, atraindo atletas e torcedores do mundo todo”, diz.
A agenda esportiva do Rio vem se diversificando, indo além dos já consagrados campeonatos de futebol e incluindo esportes aquáticos, corridas de rua, triatlos e até campeonatos de e-sports. Além disso, a cidade investe em esportes radicais e de aventura, ampliando as possibilidades para o turismo esportivo. “O Estado do Rio de Janeiro tem mais de 300 eventos esportivos até o fim deste ano. Em agosto, teremos pela primeira vez na América Latina o Mundial de Ginástica Rítmica, reunindo mais de 400 atletas de 70 países. Além disso, estão previstas seis etapas do Circuito de Beach Tennis, o Desafio da Ponte Rio-Niterói, competições de skate, futevôlei e jiu-jitsu, entre outras”, comemora Rafael Picciani.
As corridas de rua têm aumentado. Em 2023, foram 131 corridas oficiais. No ano passado, o número subiu para 173. “E a previsão de 2025 é de 190 corridas, o que representa quase 60% dos eventos esportivos previstos para este ano. Pegando como exemplo a Maratona do Rio, que é a mais importante do calendário, houve um recorde de inscritos este ano (cerca de 60 mil pessoas. No ano passado, quase 3 mil empregos foram gerados, com impacto financeiro de R$ 355 milhões, explica Schleder.
Para que o fluxo de eventos continue aumentando, o poder público oferece incentivos. Um dos principais instrumentos é a Lei estadual de Incentivo ao Esporte, que permite que empresas patrocinadoras direcionem parte do ISS para apoiar projetos esportivos aprovados pela secretaria. Em 2023, por exemplo, mais de R$ 100 milhões foram investidos em projetos incentivados, gerando um impacto econômico superior a R$ 700 milhões.
Para Rafael Picciani, esse mecanismo não apenas atrai recursos da iniciativa privada, como também oferece segurança jurídica aos organizadores de eventos. “Trata-se de uma política pública que movimenta a economia, fortalece o setor esportivo e gera impacto social, sobretudo quando os projetos contemplam contrapartidas como ações sociais e oferta de equipamentos para iniciativas comunitárias”.
Com uma infraestrutura robusta, uma agenda diversificada e um cenário de crescimento constante, o Rio de Janeiro reafirma seu papel como uma das cidades mais atrativas para eventos esportivos internacionais. “A colaboração entre poder público e iniciativa privada é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor, especialmente nas áreas de promoção e infraestrutura.
O objetivo é que a cidade continue a atrair milhões de visitantes, promovendo o desenvolvimento econômico e cultural, e fortalecendo sua imagem como um destino vibrante para o esporte e o turismo”, afirma o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes.
Uma das empresas especializadas em eventos esportivos é a V3A. De acordo com seu diretor-executivo, Yuri Binder, os eventos esportivos têm um papel super estratégico no calendário do Rio, pois movimentam a cidade o ano inteiro e ajudam a reforçar essa imagem do Rio como a capital dos esportes na América Latina. “Eles têm um impacto enorme na economia do Rio, pois mexem com tudo: turismo, transporte, alimentação, hotelaria, serviços técnicos. Em eventos de médio e grande porte, por exemplo, a movimentação financeira pode ir de R$ 3 a R$ 10 milhões por edição.
Além disso, possuem um potencial enorme de atrair turistas. A gente vê isso bem de perto com a WTR, nosso evento de corrida de montanha, que leva atletas para diferentes cidades, inclusive do interior do Rio. Em mais de 85% dos casos, o pessoal se hospeda e passa o fim de semana todo por lá — e em algumas etapas, os hotéis chegam a ficar completamente lotados. Outro exemplo é o REMA, nosso festival que une skate, surfe e música, realizado em Saquarema. Esse ano, foram nove dias de programação intensa que movimentaram a cidade de ponta a ponta — desde a rede hoteleira até o comércio local”.
Binder ressalta que o Rio é uma cidade onde esportes ao ar livre fazem parte da rotina — eventos como corrida de rua, triathlon, surf, ciclismo e trail run têm muita conexão com o estilo de vida carioca. A geografia ajuda demais também: poucas cidades no mundo têm montanha e mar tão perto uma da outra. “Isso resulta em um calendário cheio até o fim do ano. Temos o MAC, nosso evento de artes marciais, a WTR, nossa corrida de montanha, o TRITON 3, nosso evento de triathlon, que vai ser em Mangaratiba. E já estamos com tudo engatilhado para o início de 2026, quando acontece o AREIA, evento de esportes de praia. No fim das contas essa mistura de esportes, cultura e paisagens naturais é o que torna o Rio e seus arredores um destino tão único e tão atrativo para quem busca experiências completas”, comemora.