*Dr. Guilherme Vieira é advogado e CEO da On Set Consultoria Internacional
Nos últimos dias, os Estados Unidos implementaram mudanças significativas em sua política de vistos estudantis, impactando diretamente estudantes internacionais interessados em universidades renomadas como Harvard, Princeton e Columbia. As medidas, promovidas pela administração do presidente Donald Trump, têm gerado debates intensos sobre liberdade acadêmica, direitos civis e o papel dos EUA na educação global.
O Departamento de Estado dos EUA ordenou que todas as embaixadas suspendessem temporariamente a marcação de entrevistas para novos vistos de estudante (categorias F, M e J). Essa pausa visa implementar uma triagem mais rigorosa das atividades em mídias sociais dos candidatos, parte de uma estratégia mais ampla para combater o que o governo considera como ameaças à segurança nacional e ao combate ao antissemitismo nas instituições acadêmicas.
A nova política exige que todos os solicitantes forneçam informações detalhadas sobre suas contas em redes sociais, com o objetivo de identificar possíveis conteúdos considerados “antiamericanos” ou “antissemitas”. Essa medida é considerada vaga e pode levar a decisões arbitrárias, infringindo direitos de liberdade de expressão e criando um ambiente de incerteza para estudantes internacionais.
Universidades reconhecidas como de prestígio, especialmente as da Ivy League, tornaram-se alvos específicos das novas políticas. Harvard, teve sua certificação para matricular estudantes internacionais revogada, impedindo a entrada de novos alunos estrangeiros para o ano acadêmico de 2025-2026. A universidade também enfrentou o congelamento de mais de US$ 3 bilhões em fundos federais. Essas ações foram justificadas pelo governo como resposta à recusa da instituição em fornecer dados detalhados sobre estudantes estrangeiros e em adotar medidas contra supostos casos de antissemitismo no campus.
Princeton e Columbia também enfrentaram medidas semelhantes, incluindo a suspensão de financiamentos federais e pressões para limitar a presença de estudantes internacionais. O presidente Trump chegou a sugerir um limite de 15% para a admissão de estudantes estrangeiros em Harvard, visando priorizar candidatos americanos e “restaurar a grandeza” da universidade
As medidas provocaram uma série de ações legais por parte das universidades afetadas. Harvard entrou com uma ação judicial contra o governo, alegando que as restrições violam princípios constitucionais e ameaçam a autonomia acadêmica. Um juiz federal emitiu uma ordem temporária impedindo a revogação imediata da certificação da universidade para matricular estudantes internacionais.
A diminuição no número de estudantes internacionais pode afetar não apenas a diversidade cultural e intelectual, mas também a economia, já que esses estudantes contribuem significativamente para o setor educacional dos EUA
O cenário agora segue com incertezas. Além das dificuldades na obtenção de vistos, há o risco de deportação baseado em atividades online ou participação em protestos considerados “antiamericanos”. Essas medidas podem levar a uma redução no número de estudantes estrangeiros nos EUA, impactando a diversidade e a vitalidade das instituições de ensino superior. Além disso, há preocupações sobre a erosão de princípios fundamentais como liberdade de expressão e autonomia acadêmica
As recentes mudanças na política de vistos estudantis dos EUA representam uma transformação significativa na abordagem do país em relação à educação internacional. Enquanto o governo argumenta que tais medidas são necessárias para proteger a segurança nacional e combater o antissemitismo, vale o alerta para os riscos de violações de direitos civis e danos à reputação global das universidades americanas. O futuro da presença internacional no ensino superior dos EUA dependerá de como essas questões serão resolvidas nos próximos meses.
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Dr. Guilherme Vieira é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Consultor Legal Estrangeiro de Imigração e Negócios aos EUA pela Suprema Court de Massachusetts. Atua como Consultor Legal Estrangeiro, com especialização em vistos e negócios nos Estados Unidos. Palestrante, mentor, empresário, investidor e estrategista de Marketing Internacional, tem foco nas relações comerciais entre Brasil e EUA. É CEO da On Set Consultoria Internacional, empresa fundada em 2021 e especializada em treinamentos empresariais para negócios internacionais, criação de ecossistemas globais, desenvolvimento de modelos de negócio, estratégias de vendas, estruturação de esteiras de produtos e serviços, além de gestão profissional personalizada. |