por Fernando Magalhães*
Outro pilar essencial é o controle rigoroso dos custos diretos e indiretos. É comum no setor confundir custos operacionais com despesas administrativas, o que distorce indicadores e compromete a análise de resultados. Custos diretos são aqueles ligados à entrega do serviço ao cliente, como comissões a guias, taxas e tarifas de fornecedores, transporte e hospedagem de equipe técnica. Já despesas incluem itens como marketing, aluguel, energia e sistemas. Ao separar corretamente esses valores, o gestor consegue calcular a margem de contribuição real de cada produto e identificar onde é possível renegociar com fornecedores, cortar gastos ou reajustar preços.
A gestão do fluxo de caixa é outro ponto crítico e muitas vezes negligenciado. Ao contrário de outros segmentos, no turismo o ciclo financeiro pode variar bastante: há pacotes em que o cliente paga antecipado e fornecedores recebem depois, e outros em que o pagamento ao fornecedor é feito antes do recebimento do cliente. Essa variação exige um acompanhamento próximo para não confundir faturamento com caixa disponível. Um bom modelo de projeção deve considerar entradas e saídas previstas por pelo menos 90 dias, permitindo antecipar períodos de maior aperto e organizar reservas de emergência.
Além disso, é indispensável acompanhar indicadores financeiros-chave. Entre eles:
- Margem de contribuição (o que sobra após os custos diretos para cobrir as despesas e gerar lucro)
- Lucro líquido (resultado final após todas as despesas e impostos)
- Ticket médio por cliente (valor médio gasto por cada venda)
- Custo de aquisição de cliente (CAC) e retorno sobre investimento em marketing (ROI)
- Índice de inadimplência (percentual de clientes que atrasam ou não pagam)
Com esses indicadores, o gestor pode identificar tendências e tomar decisões mais assertivas. Em uma análise recente, por exemplo, verificou-se que promoções agressivas em pacotes internacionais aumentavam o faturamento, mas reduziam a margem líquida, impactando negativamente o lucro anual.
Por fim, a gestão financeira deve estar conectada ao planejamento estratégico. Não basta “fechar as contas no azul”; é preciso ter clareza sobre onde investir e qual retorno se espera de cada decisão. Para isso, recomenda-se que o planejamento financeiro seja revisado periodicamente, considerando sazonalidades do setor, metas de crescimento, expansão de portfólio e investimentos em tecnologia. Negócios que alinham finanças e estratégia conseguem ampliar vendas, aumentar a lucratividade e manter estabilidade mesmo em períodos de baixa demanda.
Em resumo, no turismo, a boa gestão financeira não é apenas uma ferramenta administrativa — é um diferencial competitivo. Quem entende onde ganha, onde perde e como cada decisão impacta o caixa, transforma a sazonalidade em oportunidade, fortalece a relação com fornecedores, mantém a equipe motivada e mantém a rota de crescimento sem desvios.
*Fernando Henrique de Oliveira Magalhães é CEO da OM Assessoria & Consultoria Business.
Graduado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), turma de 1985, sua formação de base foi concluída no Colégio Santo Américo, onde finalizou o ensino médio em 1981.
Ao longo de sua trajetória, construiu uma base sólida em gestão, estratégia e finanças, com ênfase especial na estruturação e desenvolvimento de negócios. Em 2018, concluiu o curso de Planejamento Estratégico para Escritórios de Advocacia na GVlaw, da Fundação Getúlio Vargas, e participou do programa “Melhores Práticas de Gestão de Escritórios de Advocacia”, promovido pela TOTVS. No ano seguinte, aprofundou sua atuação no segmento jurídico com a especialização em Gestão Jurídica Estratégica pela FIA – Fundação Instituto de Administração.
Sua experiência também se estende ao varejo e ao franchising, tendo concluído diversos programas voltados à gestão e desempenho operacional. Entre eles, destacam-se os cursos “Finanças para Varejo” e “Gestão de Lojas e Negócios”, ambos promovidos pela Growbiz, além do “Programa de Treinamento para Gerentes de Varejo” e “Técnica de Vendas para Varejo”, ministrados pelo Grupo Friedman. Também integrou a “Franchising University”, iniciativa do Grupo Cherto, voltada à profissionalização da gestão de redes de franquias.
Além disso, possui fluência em inglês, tanto na comunicação oral quanto escrita, resultado da formação completa — do nível básico ao avançado — cursada na Associação Alumni entre 1987 e 1990. Contato: www.omassessoria.adm.br