Órgão diz que demandas de viajantes muçulmanos devem ser consideradas nas políticas públicas para o turismo
São Paulo, 28/10/2025 — O coordenador de Mercados Internacionais da Embratur, Alisson Andrade, afirmou nesta terça-feira (28), em São Paulo, que a empresa pública quer trabalhar em parceria com governos e o setor turístico de países muçulmanos para atrair mais viajantes ao Brasil.
Durante o Global Halal Brazil Business Forum 2025, evento sobre oportunidades de negócios entre o Brasil e países islâmicos, Andrade destacou que o governo brasileiro está disposto, inclusive, a tratar o turismo muçulmano de forma diferenciada nas políticas públicas voltadas à atração de visitantes estrangeiros.
“Vale o esforço”, afirmou Andrade. “É importante olhar o turismo halal [como se chama o turismo com adaptações para contemplar necessidades e interesses de muçulmanos] como um segmento, de forma diferenciada nas políticas públicas [voltadas à capacitação de mão de obra] e na política para o setor privado [para fomentar investimentos]”.
Segundo o The State of Global Islamic Economy Report 2024/2025, o gasto anual dos 1,9 bilhão de muçulmanos do mundo com turismo foi estimado em US$ 217 bilhões em 2023 e deve chegar a US$ 384 bilhões até 2028. Esses turistas, no entanto, buscam destinos com atrações e serviços alinhados a demandas culturais — por exemplo, restaurantes com opções no cardápio preparadas com ingredientes permitidos pela religião islâmica.
No mesmo evento, Abed Al Razzaq Issam Arabiyat, diretor-geral do Conselho de Turismo da Jordânia, vai além e diz que o turista muçulmano dá preferência a destinos que se preocupam em envolver e beneficiar comunidades locais. Busca também atrações que ampliem vivências. “Precisamos ver se estamos oferecendo experiências diferentes. Você não quer dar a seus turistas atrações que eles não podem ver ao mesmo tempo. É importante ser competitivo”, afirmou.
Entre os estrangeiros que visitam anualmente o Brasil, a presença de muçulmanos ainda é pequena. Dados da própria Embratur divulgados na edição anterior do Global Halal Brazil Business Forum, estimaram o total de visitantes estrangeiros com origem em países muçulmanos em apenas 16 mil viajantes no ano de 2021.
O coordenador da Embratur reconhece que o Brasil ainda tem desafios a enfrentar, antes de se consolidar como uma opção para muçulmanos passarem férias. Entre os desafios ele citou preparar a mão de obra do setor para receber muçulmanos e lidar com diferenças culturais, adaptar hotéis e, principalmente, facilitar o acesso por via aérea ao Brasil.
“Muitas vezes, o turista muçulmano precisa fazer várias escalas até chegar ao Brasil, elemento importante para a competitividade do país como destino. A gente apoia e faz parcerias com companhias como Emirates, Turkish e Royal Air Maroc [que acessam países muçulmanos], além de aéreas que fazem conexões indiretas para o Brasil”, disse Andrade.
O dirigente acrescentou que a Embratur também mantém dois programas voltados à difusão de informações, um deles para viajantes estrangeiros e outro para profissionais do setor, como operadores de turismo e agentes de viagens estrangeiros. Esses programas dão acesso a informações detalhadas dos principais destinos brasileiros.
“A gente é um país continental que oferece destinos […] com praias, montanhas, passando por cidades, como o Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, safáris no Pantanal e a floresta amazônica. A gente entende que temos bastante a oferecer para esse público”, finalizou.
Realizado pela Câmara Árabe-Brasileira e pela Fambras Halal, o Global Halal Brazil Business Forum 2025 tem patrocínio de MBRF (Marfrig/BRF), Modon, Seara Alimentos, Eco Halal, Emirates, Grupo MHE9, Prime Company, Carapreta Carnes Nobres e SGS.






