*Rafaela de Almeida
Nos últimos anos, os cruzeiros marítimos passaram de simples viagens de lazer e descanso para se consolidarem como uma verdadeira indústria de experiências. Cada vez mais brasileiros descobrem nesse segmento uma forma diferenciada de viajar, unindo hospedagem, gastronomia, entretenimento e deslocamento em um único produto turístico.
Segundo o estudo mais recente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a temporada 2024/2025 movimentou cerca de R$ 6 bilhões, gerando 93,7 mil postos de trabalho e uma arrecadação de R$ 639,5 milhões em tributos. Foram nove navios percorrendo 15 destinos no país, com mais de 838 mil cruzeiristas, o segundo maior registro de viagens desde 2004/2005.
A expansão dos cruzeiros no país abre um horizonte de oportunidades. Entre elas, destacam-se a promoção de novos destinos, a diversificação do turismo regional e a valorização da cultura local. A atividade impulsiona empregos, empreendedorismo e melhorias na infraestrutura portuária e urbana, além de fomentar o intercâmbio cultural e dinamizar a cadeia de suprimentos e serviços, consolidando-se como motor de desenvolvimento econômico e social.
A cadeia de valor envolve hotelaria, transporte, comércio, gastronomia, entretenimento, serviços portuários, logística e até abastecimento de combustíveis. Só as armadoras, em 2024/2025, desembolsaram R$ 2,95 bilhões em operação e logística, incluindo combustíveis, alimentos, taxas, salários e marketing. Já cruzeiristas e tripulantes injetaram R$ 2,47 bilhões em compras, passeios, transporte e hospedagem.
O perfil dos cruzeiristas mostra a predominância de brasileiros (85% do total), mas também uma expressiva presença de estrangeiros, com predominância de argentinos, seguidos por uruguaios, chilenos, italianos e norte-americanos. Quanto ao gênero há predominância feminina com 60,8% em relação a 39,2% do público masculino. Quanto à frequência de viagens, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro. Quanto aos destinos, a Costa Nordeste lidera com 66,2%, seguida da Costa Sul (10,1%) e da Costa Rio de Janeiro/São Paulo (9,7%).
Alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as empresas de cruzeiros têm incorporado tecnologias e inovações para tornar o setor mais sustentável, como os sistemas avançados de tratamento de águas residuais (ODS 6), o uso de energia elétrica em terra (OPS), que reduz emissões em até 98% (ODS 7), práticas de reciclagem e eliminação de plásticos de uso único (ODS 12) e o compromisso de alcançar emissão líquida zero até 2050, com o uso de combustíveis alternativos como GNL, metanol verde e hidrogênio (ODS 13), consolidando o turismo marítimo sustentável.
*Rafaela Aparecida de Almeida, doutora em Gestão Urbana e docente no Centro Universitário Internacional Uninter.