Com excelência técnica, custo competitivo e acolhimento humanizado, país se consolida como destino de referência para turismo médico estético e odontológico
Do lifting facial ao implante de zircônia, o Brasil tem se consolidado como um dos principais destinos do mundo para estrangeiros que buscam procedimentos estéticos e odontológicos. O movimento, que combina fatores como câmbio favorável, expertise médica e hospitalidade, revela uma mudança no comportamento de pacientes internacionais — cada vez mais exigentes, conectados e atentos à qualidade da jornada médica como um todo.
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostram que, em 2023, mais de 2 milhões de procedimentos foram realizados no país. Desses, cerca de 80 mil foram em pacientes vindos do exterior, com destaque para intervenções como lipoaspiração HD, rinoplastia, harmonização facial e mastopexia. Já na odontologia, o Brasil aparece como potência global: são mais de 385 mil dentistas registrados — o equivalente a 19% dos profissionais da área em todo o mundo, segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO).
O interesse internacional vai muito além do preço. Embora o custo de cirurgias plásticas e implantes dentários no Brasil possa ser de 30% a 70% mais baixo do que em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, os pacientes apontam outros atrativos, como o alto nível técnico dos profissionais e a experiência de cuidado humanizado. “O que atrai não é apenas o valor. É a confiança de saber que vão encontrar um padrão de qualidade comparável aos melhores centros do mundo, com um diferencial afetivo e cultural que só o Brasil oferece”, afirma Amanda Ferraz, sócia da Hale Health Concierge, primeira empresa brasileira de concierge médico de luxo.
Essa jornada, cada vez mais buscada por estrangeiros, reflete uma transformação global no consumo de saúde: não se trata apenas de ir a outro país por economia, mas de viver uma experiência médica segura, acolhedora e resolutiva. “Recebemos pacientes que passaram meses pesquisando médicos no Brasil, acompanhando redes sociais, assistindo relatos de celebridades e influenciadores que fizeram seus procedimentos aqui. A imagem do Brasil como referência internacional está mais consolidada do que nunca”, avalia Amanda.
O comportamento desse novo paciente global também é influenciado por fatores logísticos e emocionais. O idioma acessível, a possibilidade de recuperação em locais agradáveis — com clima ameno, rede hoteleira qualificada e acesso à natureza — e a oferta de serviços multilíngues contribuem para a decisão. “O pós-operatório, que em muitos países é um processo solitário, no Brasil pode ser mais leve, com apoio profissional e culturalmente mais próximo”, observa a empresária.
De acordo com a consultoria Market Research Future, o turismo médico mundial já movimenta mais de US$ 40 bilhões por ano e deve crescer 21,2% anualmente até 2032. Na América Latina, o Brasil lidera em destaque técnico, mas ainda caminha para fortalecer a estrutura de recepção ao público estrangeiro. Especialistas acreditam que, com organização e regulação adequada, o país pode ocupar o mesmo patamar de destinos como Turquia, México e Tailândia.
Para isso, a demanda também exige novas soluções em experiência, curadoria e acompanhamento médico. “Pacientes internacionais não querem apenas marcar uma consulta: eles querem segurança, um ecossistema confiável e uma rede de apoio que garanta qualidade desde a escolha do profissional até o retorno para casa”, aponta Amanda. Nesse cenário, cresce a atuação de iniciativas e serviços que integram saúde, logística, tradução, suporte emocional e pós-operatório com padrão internacional.
Segundo estimativa da Allied Market Research, o fluxo de turistas de saúde para o Brasil deve crescer 68% até 2027. São Paulo, em especial, concentra boa parte dessa demanda, com clínicas particulares de alta reputação e médicos formados nas melhores instituições do país. “O Brasil tem capital humano, tecnologia e um diferencial cultural forte. O desafio agora é consolidar essa imagem com processos organizados e confiáveis para o público de fora”, completa Silvana.
Com a expansão do turismo médico, o país se insere em um novo capítulo da saúde global: aquele em que a técnica caminha ao lado da empatia, e o paciente internacional busca não apenas um procedimento, mas uma jornada de bem-estar. E, nesse cenário, o Brasil parece cada vez mais preparado para ser protagonista.