Moisés Ponte – par ao Voenews
Podemos tratar como um absurdo e um fato revoltante o que foi determinado pela justiça brasileira, mais precisamente a justiça de Mato Grosso, que condenou a 3 anos, um mês e 10 dias, os responsáveis pela morte de 154 pessoas que viajavam no voo da Gol que foi derrubado por uma imprudência gigantesca de dois pilotos americanos: Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Irresponsáveis que agora ficam impunes, pois pasmem, o cumprimento da pena será em regime aberto.
Difícil entender uma justiça que “absolve” um ato tão condenável que gerou além de revolta da sociedade brasileira, grandes perdas, onde familiares tiveram as vidas dos seus entes queridos ceifadas por conta de algo que vai muito além de um acidente ou imprudência dos pilotos que conduziam o Jato Legacy quando colidiram o mesmo com o Boeing da Gol.
O fato de não terem ligado um equipamento obrigatório chamado transponder, que com certeza teria detectado a presença do Boeing, por si só já caracteriza, ao meu ver, o risco de cometer um acidente aéreo de grande proporções, como de fato aconteceu.
Não que uma punição mais severa seria capaz de aliviar a dor dos familiares que sofrerão eternamente a perda dos seus pais, filhos, avós e amigos, mas é importantíssimo para a sociedade que se tenha apenas e tão somente o sentimento de que a justiça tenha sido feita e que esses irresponsáveis além de serem proibidos de pilotarem pelos restos das suas vidas tivesse um bom tempo de reclusão na cadeia, nem que fosse para na solidão de uma cela poderem refletir sobre o assassinato em massa que cometeram com tantos brasileiros, e a quantidade de sofrimento que causaram a milhares de pessoas.
Eu, particularmente vejo a pena dada por este juiz como uma absolvição, pois é totalmente irrisória para os envolvidos num caso que não trato como fatalidade, afinal dado a periculosidade e a quantidade de vidas que se envolve no espaço aéreo necessita-se além de treinamento duradouros e da especialização devida, também exige o cumprimento de normas de segurança, o que não foi feitos por esses assassinos, tanto que foram declarados culpados pelo acidente.
Lamento o fato ocorrido e me solidarizo com todos os familiares que sofrem a ausência daqueles que amavam e que por ato irresponsável desses dois americanos irresponsáveis perderam pessoas que amavam.
Num momento em que se discute criminalizar pessoas quando se assume o risco de matar no trânsito, nos deparamos com fatos como este, de pessoas que assumem o risco matar, e matam 154 pessoas e a justiça simplesmente fala: “segue a sua vida”. Uma vergonha.
O ACIDENTE
Em setembro de 2006 com 154 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes, o avião da Gol havia saído de Manaus (AM) com destino ao Rio de Janeiro (RJ) quando bateu no ar com um jato Legacy, no qual estavam sete pessoas. O jato estava a caminho dos Estados Unidos.
Após a batida, o boeing da Gol caiu numa região de mata fechada no norte de Mato Grosso. As 154 pessoas a bordo morreram. O Legacy conseguiu pousar numa base aérea no Pará. Todos os ocupantes sobreviveram.