O Instituto Bancorbrás, responsável pelo investimento social do Grupo Bancorbrás, reuniu profissionais e especialistas para debater os principais temas relacionados ao turismo sustentável no país. Durante o evento “Turismo Sustentável em Foco: Construindo um Futuro Responsável”, que ocorreu na última sexta-feira (22), em Brasília, assuntos como preservação ambiental, desenvolvimento social e econômico no turismo, inovações e tendências em turismo sustentável e o futuro dessa modalidade no país foram abordados durante os painéis e mesa redonda.
Luiz Gustavo Arantes, Vice-Diretor do Instituto Bancorbrás, refletiu sobre a importância de trocar ideias e experiências sobre o turismo sustentável. “Esse encontro simboliza o compromisso coletivo de transformar a maneira como viajamos, vivemos e nos conectamos com o mundo. Em um cenário global, onde o desenvolvimento sustentável é uma prioridade, reunir diferentes vozes para discutir e promover boas práticas é fundamental para a construção de um futuro mais justo e equilibrado para todos nós”, afirma. “Fomentar o turismo sustentável é colocar em prática os valores da Bancorbrás, de forma responsável, agregando em conscientização ambiental e oportunizando experiências inesquecíveis”, completa Claudio Roberto Nogueira, Diretor Executivo do Instituto Bancorbrás.
Andréa Travassos, Gerente de Desenvolvimento Institucional do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), compartilhou experiências e reflexões sobre a conservação dos recursos naturais e das práticas sustentáveis do turismo. A especialista aponta que normalmente onde se tem uma alta biodiversidade, existem também populações que são mais vulneráveis e que não se pode olhar apenas para as espécies que estão ameaçadas de extinção, mas também para aquele povo. “É preciso ver qual é o potencial que eles possuem e o que é possível desenvolver para que as pessoas possam continuar vivendo naquele local com muito mais harmonia”, afirma. “É por isso que o IPÊ olha para o desenvolvimento sustentável e comunitário. E o cenário atual, de mudanças climáticas, nos impõe o desafio de pensar coletivamente em estratégias que permitam ao mesmo tempo gerar renda para as comunidades locais e também manter aquela biodiversidade”.
O desenvolvimento das comunidades locais por meio do turismo pode ser uma ferramenta para promover a equidade social e crescimento econômico sustentável, é o que aponta Daniel Cabrera, fundador e diretor executivo da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil. “A ideia é realmente fazer com que essas pessoas tenham a oportunidade de contar a sua própria história, de estar empoderadas, de estar a frente e oferecer uma experiências que elas se orgulhem e que façam sentido para elas”, afirma.
Inovações e tendências no turismo sustentável
Tássia Correia, co-fundadora da Janoo, Turistech voltada para o monitoramento em tempo real dos impactos econômicos, sociais e ambientais do turismo em áreas protegidas, compartilhou a experiência de viver em uma cidade essencialmente turística como Lençóis, na Bahia, próxima ao Parque Nacional da Chapada Diamantina, e não ter dados oficiais que medem os efeitos positivos e negativos do turismo na região. “Não adianta só falar do impacto ambiental, é preciso falar do impacto econômico e social do turismo e trazer dados para isso”, afirma. “Foi por isso que nós criamos a Janoo, uma solução que revela o verdadeiro impacto. Hoje nós conseguimos gerar dados. Nós coletamos essas informações de diversas formas e um dos nossos focos é a gestão de visitantes. Nós oferecemos um suporte diário tanto para os turistas como também para os anfitriões. E com isso nós conseguimos gerar o engajamento comunitário com o cadastro de guias e associações”.
Jussara Botelho, CEO da Sisterwave, contou que a ideia da empresa surgiu após fazer diversas viagens e sempre encontrar outras mulheres que também estavam viajando sozinhas e enfrentando os mesmos desafios. “O Sisterwave é uma família de mulheres que amam viajar e que estão se encontrando através da tecnologia. A nossa atuação é no Brasil, mas o nosso foco é ser global e criar uma rede de apoio à mulher viajante, para que nenhuma delas deixe de viajar por conta do medo, julgamento ou pelo sentimento de vulnerabilidade”, conta. “A ferramenta oferece liberdade para as mulheres, conectando a turista a uma moradora local que oferece seu serviço, apresentando sua cidade da melhor forma”.
O futuro do turismo sustentável
Na segunda parte do evento, ocorreu uma mesa redonda sobre os desafios e oportunidades do turismo sustentável no Brasil, que contou com a presença de Edson Barros, coordenador de Sustentabilidade e Ações Climáticas no Turismo do Ministério do Turismo; Paulo Albuquerque, assessor de ESG na Embratur; Cássio Aoqui, cofundador da ponteAponte e do coletivo Labô, ambos voltados para a mudança social; e Malu Mayorga, consultora de sustentabilidade do Instituto Del. O momento foi mediado pela jornalista Bárbara Lins, que teve um papel fundamental na discussão.
Roberta Abreu, Gerente Executiva do Instituto Bancorbrás; Edson Barros, coordenador de Sustentabilidade e Ações Climáticas no Turismo do Ministério do Turismo; Bárbara Lins; Malu Mayorga, consultora de sustentabilidade do Instituto Del; Paulo Albuquerque, assessor de ESG na Embratur; e Cássio Aoqui, cofundador da ponteAponte e do coletivo Labô.
Crédito: Divulgação Instituto Bancorbrás |
Os participantes falaram sobre a necessidade de uma mudança cultural no país para começar a tratar a sustentabilidade com mais seriedade. Para Manu, a educação e a capacitação são as principais ferramentas para começar esse processo. “Eu sinto que no Brasil nós ainda estamos muito no campo das ideias, óbvio que tem muita gente fazendo muita coisa, mas é como se as pessoas ainda não conseguissem entender os conceitos da sustentabilidade na ação e na prática do desenvolvimento e na gestão deles, principalmente nos destinos e empreendimentos turísticos”, afirma. Já Cássio aponta que o Brasil precisa desenvolver uma cultura de mudança e esse processo é longo. “No meu trabalho, eu uso uma ferramenta que procura olhar a partir da perspectiva das pessoas, porque a gente precisa olhar para o ser humano e pensar a partir dessa visão de quais comportamentos precisam acontecer para que essa mudança socioambiental também aconteça”.
Paulo Albuquerque e Edson Barros defendem que é preciso uma pressão regulatória por parte das empresas e do setor público. “Se não tiver uma obrigação para você monitorar, verificar e reportar essas coisas, dificilmente as empresas por si só vão gastar ali “rios de dinheiro” para fazer alguma mudança significativa. Dentro da Embratur, por exemplo, nós cobramos critério de ESG nos nossos editais. Então as empresas que querem fazer parte das nossas ferramentas promocionais precisam mostrar que tem ações voltadas dentro dos pilares ambiental, social ou de governança. É a sensibilização de qual a importância de toda essa discussão, para na prática a gente ver o resultado que é melhor para todos”, afirma Albuquerque. “Eu penso que um tema como a sustentabilidade em si, para ser engajada, é preciso um papel muito protagonista por parte dos governos. Para mim, ele é o único ator que consegue reunir todos os atores juntos em torno de temáticas como essas. Então é muito importante que as políticas públicas tenham continuidade e as estruturas de estado sejam fortalecidas. A sustentabilidade nesse momento é uma prioridade do governo e se isso se mantiver, eu acredito que a gente vai enxergar tudo mais internalizado na sociedade e conseguir ver os resultados que realmente precisamos”, finaliza Barros.
Investimento Social Privado Não Turístico
Ao final do evento, a professora Iara Brasileiro e Cássio Aoqui apresentaram o estudo “Investimento Social Privado em Turismo no Brasil: Impactos, Motivações e Desafios”, desenvolvido pelo Turismo 360, Laboratório de Estudos de Turismo e Sustentabilidade – LETS/UnB, Turismo SPOT, Fundação Grupo Boticário, PonteaPonte, Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – GIFE, que conta ainda com o apoio do Instituto Bancorbrás. A pesquisa destaca a necessidade urgente de direcionar investimentos de maneira consciente e estratégica, convocando empresas, institutos e fundações a reconhecerem seu papel vital no desenvolvimento responsável do turismo. A publicação será lançada na quarta-feira, dia 27 de novembro, no Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília – CET/UnB.