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quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Reviravolta: comprador da Itapemirim S/A desiste do negócio

Erros comuns que prejudicam a saúde financeira das empresas, mas que podem ser evitados

Após encarar dívidas, nesta terça-feira (03/05), Baufaker Consulting desiste da compra do Itapemirim S/A. Saiba como eles chegaram até aqui

São Paulo, maio de 2022 — Após o baque em 2020, o lucro das 290 empresas listadas na B3 (bolsa de valores brasileira) mais do que triplicou em 2021 — alta de 235%. Apesar disso, enquanto CEO’s e presidentes de grandes negócios viram o faturamento disparar no último ano, outros trilharam um caminho completamente oposto. No mesmo período, 622 empresas decretaram falência no Brasil. E o cenário para 2022 pode ser ainda pior, de acordo com a projeção divulgada pela Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito — quase 3 mil empresas estão com risco de insolvência.

Diante das estatísticas, a advogada Juliana Biolchi, diretora geral de um dos primeiros escritórios do País a se especializar em recuperações extrajudiciais, explica que grandes empresas não caem somente por forças externas, como pensa a maioria. “Decisões equivocadas, transição geracional e falta de planejamento são os elementos que compõem a fórmula perfeita para o declínio das organizações”, alerta. Ela defende que, por mais que uma empresa seja líder de mercado, seu gestor precisa entender que está vulnerável o tempo todo.

Não foi o caso da brasileira Itapemirim S/A, ou simplesmente ITA, uma das maiores e mais tradicionais empresas de transporte rodoviário da América Latina. Em meio à pior crise do setor aéreo gerada pela Covid-19, o grupo anunciou, em 2020, que lançaria sua própria companhia aérea. A notícia repercutiu em todo País e até autoridades do alto escalão do Governo Federal comemoraram. A promessa de voos com preços muito abaixo da concorrência gerou altas expectativas. O que ninguém esperava era que o declínio viria tão rápido — apenas 6 meses.

Em dezembro do ano passado, a ITA foi notificada pelo Procon-SP para prestar esclarecimentos sobre a interrupção dos voos. Na época, do dia para a noite, 514 viagens ficaram sem futuro definido. “Eles começaram as atividades com frotas e operações em aeroportos bem abaixo do anunciado. As passagens eram muito inferiores, se comparadas às de seus concorrentes e, além disso, soube-se, também, que o grupo acumula uma dívida bilionária desde 2016, quando entrou com um pedido de recuperação judicial”, explica.

No dia 13 de abril, a aérea foi vendida para a Baufaker Consulting por R$ 180 milhões. Mas, a transação não foi suficiente para apaziguar a situação e, no dia 20 de abril, o caso tomou uma proporção ainda maior. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), emitiu um comunicado suspendendo todas as 96 linhas de ônibus da empresa, seu braço mais forte. Nesta terça-feira (03/05), a compradora desistiu do negócio.

Assim como a gigante Itapemirim, centenas de promessas nacionais protagonizaram o mesmo fim. Para Juliana, é possível elencar os erros mais comuns de gestores, que prejudicam a saúde financeira das empresas, mas que poderiam ser evitados se fossem antecipados e revertidos. Confira como esse acúmulo para o fim progride e coloca em risco a existência das companhias:

Distanciar-se da realidade do mercado
Perder a capacidade de entender os comportamentos do mercado, costuma ser um primeiro passo em falso. “Sucesso, muitas vezes, gera excesso de confiança, o que é muito perigoso. Um líder equivocado pode levar seu negócio para a ruína praticamente sozinho, e, com a rapidez da roda da história na atualidade, em um curto espaço de tempo”, acredita a especialista.

Querer mais do que pode gerenciar
Inovação é importante, mas é preciso ter cuidado quando a decisão é entrar em um mercado ou setor que a empresa não domina. Esses movimentos, em geral, comprometem as margens e, com isso, o resultado. “Evite abraçar o mundo. Mantenha o foco na geração de caixa, na qualidade do produto ou na prestação de serviço”, reforça.

Não enfrentar os problemas
Se os resultados das escolhas são negativos, muitos gestores insistem em procurar culpados externos, como a crise econômica ou uma nova lei que foi sancionada pelo governo. “É comum, ainda, buscar paliativos que não resolvem o quadro, como reorganizar o organograma da empresa, quando a principal questão, que mais contribui para comprometer o resultado, está na precificação equivocada, por exemplo. A raiz do problema é ignorada”, comenta.

Buscar soluções mágicas
Quando os problemas acumulados começam a pesar, o gestor entra num processo constante de busca “da solução definitiva”, esquecendo que não há uma só medida capaz de reverter o declínio, senão um conjunto bem estruturado delas. “O milagre do investidor, por exemplo, é uma das mais comuns formas de auto-engano neste ponto da evolução do quadro”, considera Juliana.

Entregar o jogo
Após tantas tentativas de encontrar soluções geniais que não funcionam, o desgaste e a desmotivação se generalizam. Não raro, quando chega nesse ponto, o time perde a moral; e, a empresa, o valor de mercado, enquanto seus gestores se limitam a vender as ações para tentar escapar do naufrágio. “Quando a perspectiva de revitalização vai embora, a companhia perde sua identidade e se torna uma triste lembrança do que já foi um dia”, enfatiza.

O que fazer?

Quanto mais cedo a empresa identificar que sua performance está comprometida, melhor. “Agindo com planejamento, cautela e estratégias bem definidas, é possível prevenir ou reverter o declínio”, garante a especialista. Ter em mente que nenhum planejamento bem estruturado dará retorno imediato e organizar a empresa para uma atuação qualificada a médio e longo prazo, ciente dos riscos, também é fundamental para entender a realidade em que o empreendimento está inserido.

Para auxiliar no processo de revitalização de empresas, a Biolchi criou o Portal de Renegociação Extrajudicial e o Observatório Brasileiro de Recuperações Extrajudiciais (Obre), um banco de dados nacional sobre recuperações extrajudiciais que tem por objetivo gerar informações importantes que dão respaldo para a tomada de decisão. “É gratuito, funcional e pode ser usado por qualquer gestor”, explica Juliana Biolchi, diretora geral do escritório.

Sobre a Biolchi Empresarial:

“Nosso ponto de chegada é a continuidade”. Criada em 1980 pelo advogado e ex-deputado federal Osvaldo Biolchi (1934–2012), a Biolchi Empresarial é um dos primeiros escritórios do Brasil especializado em recuperações extrajudiciais, tendo investido em uma ferramenta on-line para desenvolvimento desses projetos, além de ser mantenedor do Obre (Observatório Brasileiro de Recuperação Extrajudicial). Atualmente, a empresa é comandada pela primogênita da família, a advogada Juliana Biolchi, e se destaca, também, pela atuação em ações voltadas para recuperação judicial, governança corporativa e tributária, bem como desenvolvimento de estratégias de compliance.

A equipe interdisciplinar do escritório, composta por 30 profissionais com formação em diferentes áreas de atuação, tem como pilar o fortalecimento de grandes empresas e negócios por meio da superação de crises e melhoria da performance do ponto de vista jurídico, financeiro e de gestão. Clique aqui e saiba mais sobre a Biolchi!

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