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quarta-feira, agosto 27, 2025
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61% dos viajantes corporativos escolhem hotéis em vez de aluguéis por temporada

Com regulamentações mais rígidas e críticas crescentes ao Airbnb, hotéis voltam a ser a escolha predominante no mercado corporativo

O endurecimento das restrições ao aluguel de curto prazo em várias cidades pode abrir novas oportunidades para o setor hoteleiro tradicional, especialmente no segmento de viagens corporativas. Segundo a Global Business Travel Association, os gastos globais com viagens de negócios devem atingir US$ 1,64 trilhão em 2025, superando os US$ 1,48 trilhão de 2024. A projeção para 2026 é de aproximadamente US$ 1,62 trilhão, de acordo com estimativas da GBTA, Navan, Deloitte e GlobalData.

Nos últimos anos, plataformas como o Airbnb revolucionaram a indústria de viagens, influenciando preços, turismo, hospitalidade e infraestrutura nos principais destinos. Essa modalidade de hospedagem transformou hábitos e experiências de viajantes, mas também trouxe impactos negativos para a vida urbana. O crescimento das locações de curto prazo tem contribuído para a escassez de moradias e a elevação dos preços em cidades como Barcelona, Berlim e Nova York, gerando tensões entre moradores, turistas e autoridades locais.

Para conter os efeitos do avanço dos aluguéis de curta duração, diversas cidades têm implementado restrições e novas regras, medidas que vêm gerando controvérsias entre moradores, proprietários e investidores. O impacto já aparece no mercado: as ações do Airbnb recuaram mais de 6% após a última teleconferência de resultados, acumulando queda superior a 7% desde a divulgação do balanço.

Nesse cenário, hotéis vêm se reposicionando estrategicamente, ressaltando diferenciais que contrastam com as fragilidades das hospedagens alternativas, frequentemente associadas a riscos, falta de padronização e instabilidade. Apesar de o aluguel por temporada ainda atrair investidores, o modelo apresenta desafios como alta carga operacional, barreiras legais e renda incerta.

O cenário atual abre espaço para que hotéis atraiam nômades digitais e turistas corporativos em busca de estabilidade e infraestrutura profissional. Muitos já evitam aluguéis por temporada pela imprevisibilidade e demonstram preferência por hotéis em estadias longas. De acordo com pesquisa da Morning Consult, 61% dos viajantes corporativos escolhem hotéis em vez de aluguéis quando a permanência ultrapassa sete dias.

Segundo a Advantage Travel Partnership, as viagens de negócios também estão se tornando mais longas e com maior “propósito”, permitindo que os viajantes aproveitem melhor a experiência. Entre as comodidades que mais atraem esse público estão bar (51%), academia (51%), piscina (48%) e serviços de relaxamento (46%).

Além disso, a tendência bleisure, que combina negócios (business) e lazer (leisure) em uma mesma viagem, segue em expansão. Nesse ponto, os hotéis oferecem vantagens consolidadas: segurança, limpeza, atendimento 24 horas e um leque diversificado de opções de lazer, que vão de piscinas e spas a atividades esportivas e experiências locais.

Se antes o Airbnb se destacava por oferecer uma certa “autenticidade”, agora os hotéis também passaram a investir em experiências mais locais e personalizadas para atrair os hóspedes. Um exemplo é a Hyatt Inclusive Collection, a linha de resorts all-inclusive da Hyatt que, além de receber tradicionalmente famílias em férias, vem conquistando cada vez mais viajantes a trabalho e nômades digitais.

“Nos resorts da nossa linha, passamos a investir em experiências locais, firmando parcerias com pequenos negócios e valorizando a gastronomia regional, sem abrir mão da tecnologia, com soluções como check-in digital e serviços personalizados”, explica Antonio Fungairino, Head de Desenvolvimento das Américas da Hyatt Inclusive Collection.

hiperconectividade também se tornou um ponto crucial para os viajantes corporativos. Embora as hospedagens por temporada geralmente ofereçam uma boa rede de Wi-Fi, não é incomum enfrentarem imprevistos que comprometem a conexão, como apagões. Já o setor hoteleiro costuma contar com geradores e, em alguns casos, oferece recursos adicionais pensando nesse público, como power banks e outras facilidades para garantir a continuidade do trabalho.

Outro diferencial é a adoção cada vez mais ampla de ferramentas digitais e baseadas em IA, que permitem otimizar gastos e dar suporte em tempo real às viagens. Reservas móveis integradas, pagamentos digitais e gerenciamento automatizado de despesas já são considerados essenciais, sobretudo quando uma empresa precisa organizar a hospedagem de grupos maiores de viajantes.

As reservas para estadias prolongadas têm crescido à medida que mais profissionais combinam negócios e lazer, com a duração média das viagens aumentando 10% desde 2023. Nesse cenário, os hotéis podem se beneficiar ao investir nesse modelo, muitas vezes com gestão terceirizada por operadores especializados, o que o torna mais prático e rentável.

As hospedagens de longa permanência oferecem vantagens como ocupação mais estável e fluxo de caixa previsível. Além disso, a operação de múltiplas unidades permite ganhos de escala e maior lucratividade. Investir em diferentes propriedades nesse segmento também ajuda a diluir riscos e enfrentar possíveis instabilidades do mercado.

De olho nesse movimento, algumas redes já lançaram marcas específicas voltadas para estadias prolongadas, apostando em maior resiliência e rentabilidade no médio e longo prazo.

Variados

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