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quinta-feira, março 6, 2025
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Aumento do ecoturismo impulsiona preservação ambiental e destaca liderança feminina no setor

Equidade e sustentabilidade estão diretamente relacionadas

O Brasil vem batendo recordes no turismo no pós-pandemia. O ano passado foi o melhor da história em número de viajantes internacionais, e a projeção de faturamento desta temporada é de R$ 157,7 bilhões, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) – uma alta de 1,7%.

Mas, com o aumento do interesse pelo país, cresce também a preocupação com o turismo de massa e com seus impactos no território, na geografia e na cultura nacional. Em tempos de alertas e desastres climáticos, o turismo de natureza no Brasil, que engloba o turismo de aventura, o ecoturismo e o turismo sustentável, tem se destacado como um dos segmentos mais dinâmicos do setor e uma poderosa ferramenta de educação ambiental.

O setor já responde por 60% do faturamento do turismo nacional, segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e em 2023 os Parques Nacionais receberam 11,8 milhões de visitas, um aumento de 15% em relação a 2022, estabelecendo um recorde na série histórica iniciada em 2000, segundo dados do Governo Federal.

“Um de seus pilares é justamente sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação, mostrando ecossistemas preservados e destacando o valor da natureza em seu estado original. Além disso, quando bem planejado, o ecoturismo pode contribuir para a redução dos impactos ambientais e atuar como uma alternativa econômica sustentável, promovendo a descentralização e a distribuição de recursos em diferentes regiões”, explica Lejania Malheiros, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta).

Equidade e sustentabilidade

Nesse contexto, as mulheres têm desempenhado um papel fundamental na promoção da consciência ambiental e na liderança do turismo de natureza brasileiro. Das setes pessoas na direção da Abeta, cinco são mulheres, e 31% das empresas associadas são administradas totalmente por elas,  número maior do que o equivalente ao dos homens.

Fatores sociais, culturais e econômicos têm estimulado o aumento da presença feminina no turismo de aventura e no ecoturismo, tanto como viajantes quanto em papéis de liderança, mas um fator se destaca: a consciência ambiental.

Um estudo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV EAESP publicado em 2022 – o primeiro a relacionar equidade de gênero e sustentabilidade nas empresas brasileiras –, apontou que organizações com alta pontuação em indicadores de sustentabilidade ambiental ‘têm em comum a liderança feminina, propositiva e atenta às responsabilidades sociais das corporações’, segundo o texto.

A preocupação com a conservação também parte dos viajantes. “Eu já fui a pessoa que pisou em corais e que alimentou peixinhos em piscinas naturais, mas viajar pelo Brasil nos últimos cinco anos expandiu minha consciência sobre sustentabilidade. Prefiro estar perto da natureza, longe de centros urbanos, e sou parte da preservação desses lugares”, testemunha Valeriana do Nascimento Silva, 38. Desde julho, ela já passou por sete Estados brasileiro, fez trekking nos Lençóis Maranhenses (MA), cavalgou em Cambará do Sul (RS) e fez escalada na Chapada dos Veadeiros (GO).

O fortalecimento do ecoturismo, aliado à liderança feminina, representa uma oportunidade única para promover um turismo mais responsável, garantindo a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades envolvidas. Mas Lejania lembra que o caminho precisa ser trilhado com consciência.

“A qualificação é um grande desafio do turismo brasileiro. Para avançarmos rumo a um turismo mais sustentável, é fundamental que as instituições de ensino atuem de forma integrada, tornando a educação mais dinâmica e alinhada às demandas do setor. Por isso, é essencial a existência de políticas públicas municipais e estaduais permanentes voltadas à capacitação, assim como um compromisso do setor empresarial em investir no aperfeiçoamento profissional para atender a essa nova realidade de sustentabilidade e conservação ambiental”, argumenta Lejania.

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