21 de junho de 2022 (Doha) — A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) pediu aos governos que adotem com urgência incentivos em grande escala para expandir rapidamente o uso de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) e apoiar o compromisso da aviação de atingir zero emissão líquida de carbono até 2050.
Para cumprir com esse compromisso de zero emissão líquida da aviação, as estimativas atuais indicam que o SAF seria responsável por 65% da mitigação de carbono da aviação em 2050. Isso exigiria a capacidade de produção anual de 449 bilhões de litros. Foram feitos investimentos para expandir a produção anual de SAF dos atuais 125 milhões de litros para 5 bilhões até 2025. Com incentivos governamentais eficazes, a produção pode chegar a 30 bilhões de litros até 2030, atingindo um nível decisivo para a produção e o uso de SAF.
“Os governos não precisam inventar um manual. Os incentivos para a transição da produção de eletricidade para fontes renováveis, como solar ou eólica, deram certo. Agora, as soluções de energia limpa são baratas e estão amplamente disponíveis. Com incentivos semelhantes para SAF, poderíamos ter 30 bilhões de litros disponíveis até 2030. Mesmo longe de onde precisamos estar, seria um ponto decisivo no nosso compromisso de zero emissão líquida com amplas quantidades de SAF a preços acessíveis”, disse Willie Walsh, diretor geral da IATA, na 78ª Assembleia Geral Anual da IATA em Doha, Qatar.
Em 2021, independentemente do preço (o SAF é entre duas e quatro vezes o preço do combustível de aviação convencional), as empresas aéreas compraram os 125 milhões de litros de SAF que estavam disponíveis. E mais de 38 países têm políticas específicas de SAF, que abrem caminho para o desenvolvimento do mercado. Com base nessas políticas, as empresas aéreas firmaram acordos para investir US$ 17 bilhões em compras futuras de SAF.
Incentivos para aumentar a produção
Os investimentos na produção necessitam do apoio de políticas adequadas. Isso aumentaria a oferta e reduziria os custos.
A produção de eletricidade por meio de energia solar ou eólica enfrentou obstáculos semelhantes, pois essas tecnologias substituíram os combustíveis fósseis. Com incentivos de políticas eficazes, esses dois tipos de energia agora são acessíveis e estão amplamente disponíveis.
Com políticas semelhantes de incentivo ao SAF, os governos podem apoiar a produção global de SAF para atingir 30 bilhões de litros até o final da década. Este seria um ponto crítico, pois seria um indicativo claro de que o SAF está desempenhando seu papel de longo prazo na descarbonização da aviação e incentivaria investimentos para aumentar a produção e reduzir o preço.
O mercado de SAF precisa de estímulo para a produção. Os Estados Unidos estão dando um exemplo neste sentido. A produção de SAF no país deve atingir 11 bilhões de litros em 2030, devido a fortes incentivos do governo.
A Europa, por outro lado, é um exemplo do que não se deve fazer. Segundo sua iniciativa Fit for 55, a União Europeia planeja exigir que as empresas aéreas usem 5% de SAF em todos os aeroportos europeus até 2030. A descentralização da produção atrasará o desenvolvimento das economias de escala. E forçar o transporte terrestre de SAF reduzirá o benefício ambiental do uso do SAF.
Outras tecnologias
Aeronaves movidas a hidrogênio e a eletricidade fazem parte do plano da aviação de atingir zero emissão líquida até 2050, mas provavelmente serão limitadas a rotas de curta distância. O SAF é a solução comprovada para voos de longa distância.
“Os sistemas de energia elétrica e/ou hidrogênio provavelmente estarão disponíveis para voos comerciais de curta distância até 2035, mas a maior parte das emissões é de voos de longa distância e para combater essas emissões, o SAF é a única solução comprovada. Sabemos que funciona, então precisamos dobrar nossos esforços para envolver todos os grupos envolvidos do setor, incluindo governos, para aumentar a produção, disponibilidade e aceitação”, disse Sebastian Mikosz, vice-presidente sênior de meio ambiente e sustentabilidade da IATA.
Zero emissão líquida e meta viável de longo prazo
Em outubro de 2021, as empresas aéreas membros da IATA se uniram e tomaram a decisão de assumir o compromisso de atingir zero emissão líquida até 2050. Esse compromisso está alinhado à meta de reduzir 1,5°C definida no Acordo de Paris. As mudanças climáticas são a maior ameaça que nossas sociedades enfrentam e atingir zero emissão líquida será um grande desafio, pois a escala esperada do setor em 2050 exigirá a mitigação de 1,8 gigatoneladas de carbono.
Para fornecer políticas consistentes e a estabilidade de longo prazo necessária para os investimentos, a indústria da aviação pede a todos os governos que apoiem a adoção de uma meta climática de longo prazo para o transporte aéreo na 41ª Assembleia da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que será realizada em setembro, alinhada aos compromissos do setor. Essa meta climática é fundamental para apoiar as ambições de descarbonização do setor e forneceria uma estrutura de ação multilateral global sem distorcer a concorrência.