Bairro boêmio de Salvador, o Rio Vermelho amanheceu colorido com o azul e o branco das roupas usadas por baianos e turistas que participam da festa de Iemanjá, nesta quinta-feira (dia 2 de fevereiro), com as cores da orixá. Todos querem agradar à rainha do mar, reverenciada pelas religiões de matriz africana. Fé e alegria são traços marcantes das comemorações e simbolizam os lados sagrado e profano das festas populares da Bahia, que encantam gente de todo o mundo.
Para agradecer as realizações do último ano e pedir proteção para 2017, muitos presentes são depositados no mar ou entregues na colônia de pescadores do Rio Vermelho. A colônia é responsável pela realização de uma procissão em alto-mar, a partir das 15h, para a entrega dos presentes à Iemanjá. São flores, joias, espelhos, pentes, sabonetes, perfumes e outros itens ofertados em mais de cem balaios levados às águas por barcos.
A força da festa reflete-se na intensa movimentação do bairro. Baianos enchem as ruas e praias do Rio Vermelho e acolhem turistas como Ricardo Moisés, que veio a Salvador especialmente para participar desta festa. “Ela é a rainha do mar, das águas, e não há vida sem água. Participar desta festa é acreditar nas forças da natureza”, disse o farmacêutico e padeiro paulista, que vai curtir as comemorações com amigos baianos e outros turistas de Recife e São Paulo.
Quem também está na capital baiana é a espanhola Susana Loureiro, que morou na Bahia, em Salvador e Chapada Diamantina, entre 2005 e 2008. Nesta quinta-feira, durante a visita, ela aproveitou para apresentar a festa à filha Iroko Loureiro, que nasceu no Brasil, mas foi para a Espanha ainda pequena. “Minha filha foi concebida na Bahia, na Ilha de Itaparica. Agora eu tenho orgulho de trazê-la aqui para conhecer a cultura baiana e essa linda tradição”, explicou Susana, que estudou um pouco sobre o candomblé e conheceu um terreiro no bairro de Periperi.
Já a brasiliense Fabíola Antunes, que participa dos festejos ao lado de amigos paulistas, lembra ter conhecido a festa de Iemanjá há cerca de 20 anos. “Percebo que cresceu muito. Hoje observo que as pessoas já vêm ao Rio Vermelho para entregar seus presentes desde a véspera, principalmente à noite”, disse a educadora, que está há quase um mês na Bahia e já viajou por destinos como Cachoeira, São Félix, Itacaré e Boipeba.
Hotéis
A festa de Iemanjá é realizada no auge do verão, quando, de acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (ABIH-Bahia), os hotéis de Salvador registram uma média de ocupação de 85% dos leitos na cidade. Meios de hospedagem instalados no bairro do Rio Vermelho registram boa ocupação. O Hotel Catharina Paraguaçu, por exemplo, tem todos os 31 quartos ocupados desde ontem (quarta-feira, 1º de fevereiro). Dentre os hóspedes, brasileiros de estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, além de baianos.
Também registra 100% de ocupação o The Hostel Salvador, que dispõe de 65 leitos. “Cerca de 80% dos nossos hóspedes são estrangeiros”, explica Vinícius Eiras, gerente do empreendimento, onde também haverá festa com DJs e cardápio assinado por um chef de cozinha.
Litoral baiano
As celebrações do dia 2 de fevereiro fortalecem a atividade turística na capital baiana e em cidades como Porto Seguro, Ilhéus e Valença, destacou o secretário do Turismo da Bahia, José Alves. “É um dos mais importantes eventos do calendário de festas populares”, resumiu. “Atrai baianos e turistas, principalmente em virtude da expressividade dos seus aspectos religioso e cultural”.