Marcus Francisco Dutra Pinto após 10 dias em coma supera H1N1 comparece a evento e dá entrevista emocionante ao VoeNews onde fala da sua doença e do período que ficou em coma.
O Marcos é um amigo de longa data, acredito que o conheci quando ainda trabalhava na Varig, não me lembro ao certo o ano, mas sempre tivemos um convívio respeitoso e nos encontramos em vários eventos. Apesar de nunca ter trabalhado na mesma empresa que ele, sempre acompanhei seu trabalho em diversas empresas de Brasília.
Através do Grupo do Wathsap do Voenews pudemos acompanhar uma fatalidade que aconteceu com o profissional que teve a gripe H1N1 e ficou em coma, viu demônios, esteve muito perto da morte e graças as orações de amigos, familiares e colegas como o mesmo mencionou, superou as adversidade está vivo, e agora nesta nova oportunidade enxerga a vida com outros olhos.
O VOENEWS conversou com Marcus sobre este período trágico, difícil e delicado que passou, principalmente por ter 03 filhos e ter contraído a doença e transmitido a sua esposa que também teve que ficar internada, acompanhe a seguir a entrevista com este profissional do turismo de Brasília que graças a Deus está de volta á vida e de volta ao nosso convívio.
VOENEWS: Marcos, vamos relembrar primeiramente em quais empresas de turismo já trabalhou, para que o pessoal possa lembrar de você.
MARCUS: Trabalhei na Itiquira com o Fontenelle, com o Davi Moura na Interline Turismo, na Capri Turismo com o Levi. Também trabalhei na Terra Azul, CVC Viagens e por último na Interglobe Turismo com o Márcio Bessa.
VOENEW: Falando da doença que você teve, você imagina como pode ter contraído o vírus H1N1 ?
MARCUS: Na verdade eu tive amidalite que consiste numa infecção nas amídalas, tenho esse problema quase todos os anos. Fui ao hospital para me tratar desta infecção que vejo como rotineira, porém no hospital eu contraí o virús H1N1, e como os sintomas não são imediatos fui para casa e contagiei a minha esposa com a doença.
No dia seguinte pela manhã estava passando muito mal e fui ao hospital para verificar o que estava acontecendo.
VOENEWS: Qual hospital você foi ? tinha plano de saúde ?
MARCUS: Graças a Deus tenho plano de saúde e me dirigi ao Hospital Brasília, mas cheguei ao hospital bem debilitado, com muita dificuldades respiratória. Me lembro muito pouco do que aconteceu naquele momento.
VOENEWS: E a sua esposa ?
MARCUS: A noite ela também foi internada, ficamos em quartos separados, mais ambos estávamos com o vírus H1N1.
VOENEWS: E seus filhos ? quantos são, o que foi feito com eles uma vez que pai e mãe estavam internados ?
MARCUS: Temos três filhos e eles não contraíram o vírus que é um fator muito positivo. Um é casado e tem 25 anos, ele e a esposa trabalham, mais as meninas tem 15 e 7 anos e foi complicado porque não tínhamos com quem deixá-las, foi um momento difícil, mas elas ficaram na casa de amigos, era a única opção.
VOENEWS: Como foi o seu tratamento e o da sua esposa ?
MARCUS: Na manhã do dia seguinte os sintomas se agravaram, eu entrei em como e minha esposa foi internada na UTI.
VOENEWS: Soube da reação das pessoas quando souberam do que acontecia com você e sua esposa ?
MARCUS: Como eu estava em coma não tinha como saber, mas minha esposa que estava na UTI estava lúcida conta que muitas pessoas procuraram a minha família, pediam informações e demonstrarão muita preocupação com o meu estado de saúde.
VOENEWS: E quanto ao coma, você estava dormindo ? Estava em coma profundo, alheio tudo e a todos, se lembra de algo que aconteceu neste período ?
MARCUS: Na verdade durante o meu coma eu vivi um inferno pessoal, eu tive uma experiência muito difícil, com sonhos e sensações que marcaram a minha vida.
Foram lições de vida, coisas que me fizeram aprender a dar valor aos amigos e me aproximar mais de Deus, posso afirmar que nesses dez dias em coma eu conheci o inferno.
Digo claramente que nesses dez dais eu conheci o inferno, eu literalmente fui ao inferno. Acredito que isso tenha se dado devido ao fato de nunca ter sido uma pessoa que tivesse uma religião, e onde eu estava eu via muitos demônios, eu vi muitos, eu vivi durante um tempo cercado de demônios.
E apesar de terem sido dez dias a sensação é que o tempo foi muito maior, parecia que aquilo não acabaria.
VOENEWS: E depois deste período que julga como o inferno e ter estado cercado de demônios, o que aconteceu ? o que viu ? o que viveu ?
MARCUS: Num determinado momento as coisas mudaram, eu tenho certeza absoluta que foi devido as orações, as correntes e a fé de meus familiares e amigos que fizessem com que eu fosse resgatado daquele lugar horrível, daquele inferno e aí sim eu fui pra um lugar mais brando, mais tranquilo.
Não lembro quem foi que me tirou daquele lugar horrível, mas fui tirado de lá, e tenho certeza que foi devido as orações das pessoas.
Quando saí do coma, a minha esposa que se recuperou bem antes de mim, me informou que os médicos haviam chamado minha família para se despedir de mim, pois eu estava desenganado, pois tudo que poderia ter sido feito, já havia sido providenciado e eu não reagia.
Mas hoje eu tenho certeza que fui salvo pelas orações.
VOENEWS: Você acredita que o momento em que foi resgatado daquele local ruim e foi para um lugar digamos mais tranquilo se deu no momento em que estava voltado do estado de coma ?
Eu acredito que sim, pois minha esposa relata que eu chorava muito, mesmo estando em coma, e me lembro de ter chorado justamente no momento em que estava sendo resgatado, que estava saindo daquele inferno para um lugar melhor. Então isso ficou muito marcado e é uma das coisas que me recordo, por isso acredito que os momentos coincidem.
VOENEWS: Quando estava naquele lugar, rodeado de demônios, você tinha noção de algo ? tinha esperança de retornar a vida ?
MARCUS: Eu não tinha noção do que estava acontecendo, não sabia que estava em coma e muito menos num hospital, eu não reconhecia que estava doente. A minha mentalidade era totalmente outra, eu vivi tudo aquilo como uma realidade, eu não sabia nem que estava doente.
VOENEWS: Após uma passagem como esta, em que você fala de dois momentos distintos de sensações, demônios, como você sai desta situação ? acredita agora no céu, no inferno ? quais são suas crenças após esse episódio ?
MARCUS: Eu sempre acreditei em Deus, e continuo acreditando mais ainda. E agora acredito também na fé dos amigos, porque eu não imaginava que orações tinha tanta força. Eu era muito céptico com relação a essas correntes de orações, inclusive nas redes sociais, eu não acreditava nisso, mas hoje eu acho que quando existe verdade, quando existe fé elas podem sim funcionar.
VOENEWS: Nós tivemos as informações e acompanhamos o seu estado de saúde, suas pioras e melhoras através do Grupo de Whatsap do VoeNews, normalmente com informações vindas do seu filho. Quem mais te acompanhou neste momento difícil ?
MARCUS: Claro que meu filho esteve ao meu lado e foi fundamental, mas eu jamais posso esquecer de várias pessoas que me surpreenderam favoravelmente, o Márcio Bessa e a Valéria (Interglobe), que se colocaram a disposição para o que fosse preciso, o Levi que me surpreendeu, principalmente pelo fato de mesmo tendo trabalhado com ele nós havíamos perdido o contato. Mas ele ligava quase que diariamente para saber notícias através da minha esposa.
O Alexandre que é meu sócio e o João Henrique que realizou alguns eventos comigo e muitas outras pessoas também estiveram constantemente em contato.
VOENEWS: Quanto tempo ficou hospitalizado após sair do coma ? chegou á você informações de que profissionais do trade estavam mobilizados em oração e torcendo por sua recuperação ?
MARCUS: Após os dez dias em coma, ainda fiquei seis dias hospitalizando após a saída do coma, e olha, me surpreendi com a solidariedade do pessoa. Meu filho falou que todos estavam orando por mim, até hoje eu não consegui acompanhar, agradecer todas as pessoas que foram me visitar que procuraram informações e oraram por mim.
Tenho até medo das pessoas acharem que é ingratidão, mas quando saí eu tive várias sequelas, eu precisava me recuperar e não tive condições nem mesmo de ligar para agradecer as pessoas que me ajudaram que oraram e torceram por mim.
VOENEWS: E quais foram as principais sequelas que este período em coma te deixou ?
MARCUS: Eu não estava andando, a minha visão estava debilitada e eu havia perdido a firmeza, não tinha estabilidade nenhuma, e inclusive estou sem cabelos porque eu tive escária na cabeça e nas costas, e essas feridas ainda estão cicatrizando devido ao fato de ser diabético tenho essa dificuldade, mas são sequelas mínimas se levarmos em conta o que eu passei, passam a ser detalhes.
VOENEWS: É muito bom te encontrar neste evento. Mas com relação ao trabalho ? Já voltou pra ativa ?
MARCUS: Ainda não, mas estou correndo atrás, estou procurando porque sei que o recomeço é difícil, pois estava trabalhando por conta própria e com este afastamento vieram as dificuldades financeiras e tive que fechar a empresa.
Minha intenção e partir para um recomeço no turismo, principalmente porque são 25 anos de profissão e não sei fazer outra coisa, e mesmo sabendo que o recomeço não deve ser fácil eu volto mais forte para a vida e para o trabalho.
VOENEWS: Com relação a sua vida pessoal, o que muda ? Pois acredito que á partir do momento que uma pessoa quase vem a óbito e tem a possibilidade de voltar á vida ainda mais sem sequelas graves como no seu caso uma reflexão precisa ser feita, o que você pensa disso ?
MARCUS: Eu volto outra pessoa, um novo Marcus. Eu percebo que antes da doença e de passar por isto, eu fui ingrato com algumas pessoas, deixei de dar valor a outras. Aprendi a ser um pai mais carinhoso e a dar valor aos pequenos detalhes da vida.
Desde um copo com água, um abraço de um amigo por exemplo. E mesmo que pareçam detalhes, tomam dimensões enormes quando se passa pelo que passei. Meus rins não funcionavam e eu fiquei seis dias sem poder beber água e sentia muita sede, eu não sabia porque, pois estava em coma, e hoje eu consigo mensurar até a importância de um simples copo com água.
Eu aprendi que o trabalho é muito importante, mas não é tudo, que é preciso saber conduzir a vida, isso é muitíssimo importante. Aprendi que ao chegar em casa devo abraçar meus filhos, minhas esposa, saber pedir desculpas, coisas que não tinha o hábito.
Aprendi também que todas as oportunidade de pedir perdão, de se desculpar com alguém devem ser aproveitadas, pois amanhã pode ser tarde demais. E como diz o ditado “não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje”, se deu saudade de um ente querido ligue no mesmo estante. A minha doença veio sem me avisar e em questão de horas eu já não estava aqui, já poderia estar morto.
Então eu digo aos meus amigos, não perca a oportunidade de dizer um eu te amo e de pedir perdão.
VOENEWS: Marcus se você quiser usar esse espaço para agradecer as pessoas que fizeram orações, quer pediram a Deus pela sua vida e que mesmo quando as notícias não eram boas continuaram acreditando e com muita fé na sua recuperação, fique a vontade.
MARCUS: Vocês não fazem ideia do tanto que as orações de todas as pessoas surtiram efeito,. Vocês não tem noção do quanto me ajudaram, e não existem palavras, nenhuma palavra que possa expressar os meus agradecimentos, a minha gratidão pela campanha que foi feito por mim. Serei eternamente grato e sei também que esta dívida com vocês será eterna. Independente da religião de todos tenho certeza que me ajudaram muito, e gostaria que todos entendessem, cada um com a sua fé, que nunca devemos parar de acreditar em Deus, pois ele está presente em todos os instantes, ainda mais quando você é querido como eu descobri que sou.
VOENEWS: E a equipe do hospital, como se sentiu tratado por eles ?
MARCUS: Teve um médico, o Dr. Thiago, que acredito que tenha salvado a minha vida, pois quando eu cheguei ao hospital com muita dificuldade de respirar, mesmo sem os resultados dos exames ele supostamente deduziu que poderia ser H1N1 e tomou todas as providências cabíveis mesmo sem os resultados dos exames, contribuindo para que seu esteja aqui.
Os enfermeiros, que tiveram todo o cuidado comigo, e toda a equipe que teve imenso o carinho comigo e minha esposa, inclusive colaborando para que eu e minha esposa que estávamos em quartos separados tivemos algum tipo de contato. Uma pessoa que não quero mencionar o nome levava fotos e informações minhas para que ela soubesse que mesmo em coma eu estava vivo, foi impressionante o tratamento que tivemos.
VOENEWS: E com relação a essa doença Marcus, o que você tem a falar para nossos leitores ?
MARCUS: Vacinem-se, previnam-se, recomende seus amigos a fazer o mesmo, falem com os parentes, não brinquem com isso, pois ela mata, e mata rápido e dolorosamente.